sábado, 24 de outubro de 2020

Território Brasileiro: Fronteiras

Quais são as fronteiras do território brasileiro ?


Primeiros devemos lembrar do conceito de território. Resumidamente, é o espaço político com domínio de alguns ou alguém. Não é fixo mas encontra-se em constante dinâmica de territorialidades. A sua casa é um exemplo, quem manda? Pode ser seus pais, parentes, você ou todos juntos.   No sua rua, bairro ou comunidade também, quem está no comando? No município, estado e país idem, quem está no controle do espaço nacional ?


Identificado isso, nós temos hoje a nossa República Federativa do Brasil. O Estado-nação brasileiro que entra na modernidade das existências legais dos estados somente no séc. XIX (Independência em 1822, República em 1889). 


Está localizado ao Ocidente de Greenwich, maior parte ao sul da linha do Equador e na chamada zona intertropical. Em quantidade de terras descontínuas, somos o quinto país mais extenso do mundo. Considerado país equidistante por que tem 4394,7 Km (N-S) do Monte Caburaí (RO) ao Arroio Chuí (RS) e (L-O) 4319,4 Km da Ponta de Seixas (PB) a serra de Contamana (AC).


Agora, o Brasil já nasceu com esse tamanho territorial ?


Não! Tivemos confrontos, extermínios, resistências, miscigenação étnicas até a atual formação territorial. Desde a colonização do litoral pelos portugueses (XVI) passamos por cinco séculos com bandeirantismo; ocupação na Amazônia; escravização indígena; plantations açucareiras e algodoeira com mdo de escravos africanos; mineração; fazendas de gado; cafezais; imigrações, urbanização e industrialização. 


Diversas territorializações com essas dinâmicas econômicas foram materializadas no território nacional. Houve uma expansão das fronteiras do estado brasileiro rumo a oeste até a que temos hoje. Passando por tratados internacionais de reconhecimento externo, como o Tratado de Tordesilhas (1494); Tratado de Madri (1750) e outros tratados bilaterais ou de arbitragem externa entre o fim do Império e o começo da República brasileira. Por ordem cronológica: Guerra da Cisplatina (1828); Guerra do Paraguai (1872); Questão de Palmas (1895); Questão do Amapá (1900); Questão do Acre/Tratado de Petrópolis (1903); Questão do Pirara (1904); Tratado de Bogotá (1907). 


Ufa !


Eis a epiderme do estado brasileiro tal como é reconhecida hoje. Possui fronteiras terrestres com quase todos os países da América do Sul, exceto Chile e Equador e nenhum confronto em aberto. Além disso, possui fronteiras marítimas, totalizando algo em torno de 23086 Km de fronteiras. 


Embora não tenha confrontos nessas fronteiras, possui políticas de controle para estabelecer uma soberania brasileira. Vale lembrar que esta soberania não se limita a superfície terrestre, mas igualmente no subsolo, espaço aéreo e mar territorial desta região. Assim, depreende-se pelo Estado, muito pelas forças armadas, políticas de soberania e segurança nacionais. Podem ser destacadas na fronteira terrestre:


Faixa de Fronteira - É uma linha criada para a segurança nacional(1955) na extensão interna de cerca 150 Km de largura (CF37), paralela aos mais de 15 mil Km de fronteiras terrestres. As atividade empreendidas nessas áreas somente poderão ser feitas com autorização federal, normatizadas na região pela Lei 6634, de 2 de maio de 1979. É dividida por causa da identidade cultural e base produtiva em três arcos: Norte (indígena), Central (latifúndios) e Sul (mais povoada).



(INCRA, 2005)


Projeto Calha Norte - Projeto elaborado pelos militares e efetivado em 1985, denominado "desenvolvimento e segurança ao norte das calhas dos rios Solimões e Amazonas", é, como foi reconhecido, o Projeto Calha Norte. Neste projeto ficou orientado a proteção de área de incursões de redes de narcotráfico e a agentes estrangeiros em missões com índios. A área é considerada relativamente despovoada e vai de Tabatinga (AM) a foz do rio Oiapoque. Ressalta-se ainda que o projeto foi "revitalizado" em 2000 com construção de quartéis, estradas e melhorias sociais para aldeias indígenas.


Projeto Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) - criado para proteger a Amazônia Legal (AC, AP, AM, RR, RO, PA, MA, TO, MT)e gerar bases para o seu desenvolvimento. Dentro deste temos o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) que procurou técnicas modernas de processamento de dados, recursos computadorizados como o sensoriamento remoto, radares, satélites integrados com meios de comunicação e centros de coordenação da vigilância em Brasília, Belém, Manaus e Porto Velho, em vigor em 1997. 


Esses sistemas procuram reduzir atividades ilegais (biopirataria, narcotráfico, invasão de terras indígenas) e oferecer maior proteção ambiental na floresta Amazônica.


Projeto Radambrasil - criado em 1970 tem como objetivo detalhar a geologia, os solos, o relevo e a cartografar a Amazônia e o Nordeste brasileiro. Para tal, utiliza sensoriamento remoto e aerofotografia. Observa-se que o projeto foi expandido para todo o Brasil em 1975 passando ter o nome atual. Antes era somente denominado Radar Amazônico.


Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras (SISFRON) - Demandada e embasada legalmente pelo Estado, com prioridades geopolítica na região amazônica e gerido pelo Exército, é um "sistema integrado de sensoriamento, de apoio à decisão e de emprego operacional cujo propósito é fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira".


Possui quatro subsistemas - defesa, desenvolvimento econômico, segurança e desenvolvimento social. E tem como objetivo "fortalecer a presença e a capacidade de monitoramento e de ação do Estado na faixa de fronteira terrestre, potencializando a atuação dos entes governamentais com responsabilidades sobre a área", feita para ser a maior sistema de monitoramento já existente. 


Atualmente, no entanto, encontra-se em fase piloto e espera-se a integração, ajuda com programas similares como o SIPAM/SIVAM, SISDABRA, SisGAAz, ICMbio. 


Poderá ser totalmente entregue apenas em 2065 devido a problemas orçamentários, ano em que suas tecnologias já estarão obsoletas. A importância no combate ao tráfico de armas, drogas, evasão de divisas, exploração sexual, abigeato, biopirataria, entre outros, demonstram certa urgência e as crises atuais (política e econômica) revelam certa fragilidades da aplicação desse sistema.

 - - -

Já dentro do território brasileiro temos certas territorialidades dinâmicas e próprias em demanda na linha histórica dos acontecimentos. Temos culturas diferentes dentro de registros legais incoerentes com seus modos de vida.  Daí conflitos permanentes em áreas coabitadas ou de interesses sobrepostos. Uma vez em prática a Marcha para o Oeste brasileira, será necessário a demarcação de terras estratégica e para a sobrevivência dessa sociodiversidade.  As chamadas Terras Indígenas (TI) dos diversos povos tradicionais levarão da década de 1910 (SPI) a 1960 (FUNAI) para serem reconhecidas pelo Estado como uma propriedade social. Na CF88 ficará expresso as modalidades desses direitos já colocadas na CF34 e no Estatuto do Índio. Também ficou na carta magna cidadã, pela primeira vez no Brasil, as Terras Quilombolas, o reconhecimento da categoria de "remanescentes das comunidades dos quilombos". Locais de etnogênese, refúgio, resistência no interior da colônia brasileira de populações africanas ou de aquilombamento de engenhos decadentes no período escravocrata e amargo do ciclo do açúcar em diante. Sendo a primeira a ser regulamentada por esse regime da CF88 a Comunidade Boa Vista, em Oriximiná (1995, PA).

(Fonte: ISA, 2019)



Além disso, temos ainda as territorializações dos movimentos ambientalistas nas últimas cinco décadas e o movimento dos extrativistas por reconhecimento e normatização dos usos de suas reservas. Ademais, temos os navios e as bases na Antártida como lugares de soberania nacional ainda que fora do território nacional.


Por fim, temos as fronteiras marítimas que estendem-se desde a foz do rio Oiapoque até a barra do arroio Chuí. Também servem para garantir a soberania em exploração, conservação e gestão dos recursos naturais. Para regulação das faixas litorâneas temos um tratado internacional - a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM, 1982; em vigor, 1994). Segundo o tratado, o Brasil tem direito de soberania, controle sobre o espaço aéreo e o subsolo dessas águas na faixa, denominada mar territorial (12 milhas além das costas = 21,6 Km).


E ainda estabeleceu uma faixa de 200 milhas marítimas (370 Km) a partir do mar territorial e ilhas oceânicas devidamente ocupadas uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Nesse espaço, todos os recursos do mar podem ser explorados pelo Brasil.


Uma regulamentação recente dessa região marítima é o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz, 2014). Ainda em fase inicial o projeto visa monitorar todas as chamadas Águas Jurisdicionais Brasileiras. Tanto as áreas em reconhecidas pelo tratado, as bacias hidrográficas, quanto a plataforma continental e a área de busca e salvamento (SAR) no Atlântico Sul.

(Fonte: autor)


EsPCEx 2020 – Prova de Geografia - Modelo E – Gabarito Comentado

Link para prova: http://www.espcex.eb.mil.br/downloads/2_dia_de_prova_Mod_E_2020.pdf

Questão 21)

A questão aborda as regulamentações da fronteira brasileira.

Alternativas Incorretas:

II – A Constituição Federal de 1988 não proibiu, pelo contrário, reconheceu os direitos dos povos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Ainda que essas estejam na faixa de fronteiras nacionais, busca-se delimitar as Terras Indígenas (TIs) como é o caso da Terra Indígena Yanomami entre as divisas de Roraima, Amazonas e Venezuela.

IV – A faixa de fronteira do Brasil foi criada por lei em 1979 para buscar regulamentar a extensa fronteira brasileira (mais de 15 mil Km) com os países da América do Sul. Ela possui uma largura de cerca de 150km e não 100km como informa a alternativa.

Gabarito: 
B

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Saiba mais: https://youtu.be/vNqlSqwuns8

Link para acesso de imagens:
https://pib.socioambiental.org/pt/Localiza%C3%A7%C3%A3o_e_extens%C3%A3o_das_TIs

Fonte para citações: CYPRIANO, K.M.C.P., 2020.


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O que são os domínios morfoclimáticos ?

Domina essa ae !

Os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos ou potencialidades paisagísticas do Brasil são " um conjunto espacial de certa ordem de grandeza territorial(...) onde haja um esquema coerente de feições de relevo, tipos de solos, formas de vegetação e condições climáto-hidrológicas. Quem a formulou foi o geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab'Sáber em 1965.

São seis grandes domínios brasileiros mais faixas de transição. São espécies de masaicos paisagístico de feições diferenciadas. São elas:

1 -  Amazônico - Presente no norte brasileiro, praticamente na floresta amazônica. Maior floresta tropical contínua do planeta e uma alta biodiversidade. Clima equatorial ou equatorial úmido - quente e úmido, de planícies e planaltos com baixas ondulações. Cercada numa espécie de anfiteatro. Dentro os vários solos da região, podemos destacar a presença de latossolos e argissolos mais ácidos. Há uma alta ciclagem dos nutrientes da floresta amazônica pela própria floresta, que vive no clímax. A vegetação característica são as matas de Igapó, várzea, terra firme e, em geral, ombrófila e latifoliada. Especificando os tipos de rio da hidrografia, temos rios com drenagem constante, perenes.

Os desmatamentos tem sido severos e drásticos na região. Temos o chamado arco e flecha do desmatamento. Quais as soluções para enfrentar essa prática você pode elencar?

Outro problemática é a floresta amazônica ser considerada o pulmão do mundo ? É um mito ou verdade. Quais os interesses globais e brasileiro nesse território?
Compartilhe abaixo.

2 - Mares de Morros - Ocorre na extensão litorânea brasileira do Rio Grande do Sul a Rio Grande do Norte. Possui também um clima tropical litorâneo, quente e úmido. Já relevo é característico desse domínio, são planícies e os planaltos altamente intemperizados, formam os "mares de morros". Os solos serão serão os latossolos e "massapê" (onde amassa o pé, nome popular para um tipo de solo mais argiloso)um pouco mais férteis. Vegetação adaptada a chuva e com folhas largas e verdes. Os rios serão de drenagem constante, ou seja, perenes.

Este domínio foi muito modificado pela ocupação portuguesa. Houve a retirada do pau-brasil, as plantations canavieiras, as grandes fazendas de café e, hoje, a modificação urbano-industrial. A vegetação floresta tropical pluvial, conhecida por Mata Atlântica, cobria cerca de 95% da região. Restando, atualmente, entre 8-12% da Mata entre serras e encostas íngremes.

3 - Caatinga - Domínio azonal, situado com um clima semiárido no nordeste brasileiro. Relevo de planaltos e depressões, formando os planaltos residuais, conhecidos como inselbergs. Pela escassez e irregularidade das chuvas, possui um solo pouco desenvolvido. Será compacto e mais arenoso - chamado, respectivamente, de vertissolo e aridissolo. A vegetação é até diversa, mas adaptada à seca (xerófilas - ex.:cactáceas). Os rios dessa região serão intermitentes (períodos do ano) e temporários (só quando chove).

Há ainda na região espécie de brejos nas áreas onde ocorrem chuvas orográficas. Propícias à fruticultura. Já nas regiões de severas secas, assola uma desertificação na região.

4 - Cerrado - Ocorrem no CO brasileiro. Domínio de clima tropical, quente com períodos úmidos e secos. Possuem relevos de planaltos e chapadões. Os solos serão latossolos e espondossolos mais ácidos e bem laterizados. Árvores e arbustos coexistem com uma vegetação rasteira, do tipo esclerófila e tropófila. Há nascentes de rios importantes na região, que serão perenes também.

Os incêndios serão um elemento comum do ecossistema, que pode ser agravado por ações humanas. Uma vez que há um expansão da monocultura da soja nesta região.

 Abriga também as chamadas veredas em meio ao sertões. Local de abrigo e refúgio de espécies da fauna.

5 - Araucárias - Domínio que ocupa os planaltos basáltica meridionais brasileiros. De clima subtropical, é mais frio e com ocorrência de chuvas mais brandas. O solo será do tipo latossolo mais fértil e podemos destacar neossolos. A vegetação característica do domínio são os aciculifoliadas e arbóreas. Os pinhais, por exemplo, com predomínio das araucárias. Os rios serão perenes nessa região devido a chuvas constantes.

Destacam-se que a região também vem passando por desmatamentos para a indústria de celulose e para agricultura.

6 - Pradarias - No estado Rio Grande do Sul brasileiro, passando para Uruguai e Argentina, nos temos o domínio das planícies subtropicais das pradarias ou pampas. De clima subtropical (chuvas brandas e mais frio), apresenta um relevo suavemente ondulado por "coxilhas". Apresenta um solo fértil de argissolos e chermossolos e vegetação rasteira de gramíneas e arbustiva. Os rios serão sempre perenes também.

Destacam-se a pecuária extensiva e a monocultura como principais alterações no domínio.

Além destes, temos regiões de transição onde não há uma dominância única, há mais de uma.  O Pantanal e a Mata de Cocais são exemplares. No primeiro há uma mescla do Amazônico nas áreas alagadas da bacia do rio Paraguai e nas elevadas há vegetação característica do cerrado. Já no segundo há uma mistura de Amazônico, Cerrado, Caatinga com um presença das plantas oleaginosas.


(Imagem: autor )


Para mais, acesse: https://youtu.be/zYnu6t-hLSU

Fonte: CYPRIANO, K.M.P.,2020.

sábado, 19 de setembro de 2020

Climas do Brasil

Primeiro passo é identificarmos o que é clima. 


Como está o clima aí onde você mora ?

O clima tá pesado ? Perigoso ?

O clima é um dia chuvoso apenas?


Não estamos falando do clima do ambiente social que vive nem do estado momentâneo da atmosfera (tempo). O clima que estamos falando refere-se a verificações contínuas de características atmosféricas. Com um recorte de 30 anos de dados, tais como: temperatura, chuvas e umidade da atmosfera, podemos designar padrões climáticos. 


Há diferentes formas de classificar o clima. E enquanto não é feita uma brasileira, destacam-se duas mais famosas. Temos a de Koppën (pioneira, é mais específica e utilizada pelo IBGE) e a de Strahler (baseada na dinâmica atmosférica, massas de ar e precipitações e mais comum nas provas brasileiras).


Então é desta última que mastigaremos os climas no Brasil. Pega a visão: 


Sabemos que o território brasileiro está localizado em cerca de 92%  na região intertropical. Isto é: de Norte ao Sul atravessa a linha do latitudinal que recebe mais raios solares (L. Equador), ultrapassa o Trópico de Capricórnio, até o Rio Grande do Sul encontrar o Uruguai. 


Assim sendo, o Brasil vai receber a influência das massas de ar próximas dessas regiões. Vale lembrar que são cinco (mPa, mTa, mTc, mEa, mEc) grandes massas de ar (porções da atm carregadas dos atributos de onde são formadas) que atuam no território brasileiro. Além dos fatores climáticos, temos dessa combinação sete climas brasileiros, conforme Strahler. Somadas contribuições, são eles:

(Fonte: autor com base em Strahler)

1 - Equatorial úmido: próximo a Linha do Equador, com predomínio da mEc no verão, e ainda da mEa, está praticamente na área da Floresta Amazônica. Temos aqui uma temperatura constantemente alta e elevados índices de chuva e umidade. Em laranja no mapa - Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, parte do Pará, Maranhão, Roraima e Mato Grosso).


2 - Equatorial semiúmido: variação das massas de ar do clima Equatorial úmido em virtude das modificações do relevo(planalto das guianas). Ocorre por isso um menor volume de chuvas. Em vermelho no mapa - parte de Roraima e Pará.


3 - Tropical: ocupa todo o planalto central estendendo-se a SE e NE do território. Há  um predomínio da mTc entre abril e setembro (período de estiagem - seco) e atuação da mEc e mTa levando umidade a essas regiões. Temos assim um temperatura quente, com duas estações bem definida entre seca e mais úmida.

Em azul claro do mapa - Goiás, Tocantins, Brasília, parte do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais.


4 - Tropical de altitude: variação do clima tropical com interferência dos planaltos centrais e as serras do SE (serras Mar e Mantiqueira). As médias térmicas serão mais amenas pelo fator da altitude (abaixo dos 18°C). Em azul escuro no mapa - parte do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul.


5 - Tropical litorâneo: também é uma variação do clima tropical por causa da maritimidade e da mTa ao longo da faixa atlântica do litoral brasileiro. Assim há uma elevação das temperaturas e uma maior umidade. As chuvas ficam intensas de março a agosto no NE e de dezembro a março no SE. Em rosa no mapa, ocorre do litoral de Rio Grande do Norte ao de São Paulo.


6 - Subtropical: ao sul do Trópico de Capricórnio, em parte planalto meridional, praticamente na região sul brasileira temos um clima de predomínio da mPa. Ocorre aqui mais frentes frias, que provocam chuvas constantes, baixas temperaturas. Possui um verão suave e durante o inverno podemos observar geadas e precipitações de neve.


7 - Semiárido: localizado praticamente no chamado polígono das secas, conhecido como sertão nordestino, caracteriza-se pela escassez de chuva. A mTa, mEa não conseguem atuar na região. Somente chuvas bem sazonais(irregulares) ocorrem na região e, por vezes, não ocorrem. Com isso, as médias térmicas serão elevadas, o ambiente será mais seco e haverá também um alta amplitude térmica no local. 


São esses nossos climas segundo o Strahler. Lembrando que os climas podem variar conforme as mudanças climáticas forem mitigadas ou alterações alterações persistirem. 


 Fonte: CYPRIANO, K.M.P.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O Ciclo das Rochas

As rochas são agregados consolidados de minerais (átomos microscópicos organizados, homogêneos, inorgânicos, cristalizados → sólidos simétricos) oriundos de diversos processos da dinâmica terrestre. Elas estão em constantes transformações, tanto interna quanto externamente acompanham a dinâmica da natureza da Terra. É como nos lembra o químico A. Lavoisier: "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", assim também ocorre com esses elementos mais duros da natureza, as rochas. Em variantes temporais de milhares de anos ou em curtas atividades tectônicas, vulcânicas, temos o ciclo das rochas.


Apesar disso tudo, vamos com calma ! São bem simples. Você, provavelmente, já esteve em contato com algumas dessas rochas comuns em muitas residências. 


Existem três principais tipos:


  1. As rochas ígneas ou magmáticas

Onde tudo começou em relação às rochas e de onde, em grande parte, outras derivam. São as rochas oriundas do fogo (ignis) ou do material magmático extravasado do interior da Terra. Quando chegam na superfície, logo esfriam, formando um tipo de rocha - no caso, basáltica. Ou ainda podem esfriar mais lentamente no interior da crosta terrestre (continental ou oceânica) formando os granitos (uma rocha ígnea intrusiva). 


Então, elas podem seguir dois caminhos no ciclo, ou se transformar em rochas metamórficas ou sedimentares.


Para as rochas metamórficas, elas sofrem um processo chamado de metamorfismo. 

Fácil, não? Bem, nem tanto assim! Vamos lá:

O processo de metamorfismo é a mudança externa ou interna na crosta terrestre de rochas submetidas a pressão e temperatura  diferentes do seu estado de formação. Geram com isso outras rochas a partir do rocha matriz (protolito). Mudam nesse processo de estrutura e textura.

Enquanto que para as rochas sedimentares ocorrem alguns processos a mais, até possivelmente gerar uma nova rocha. Das rochas ígneas até às sedimentares ocorrem o Intemperismo - desagregação da rocha, Erosão - agentes do movimento dos detritos, Transporte - meios como água, gelo, vento que encaminham a erosão, Deposição  - assentamento dos grãos, Diagênese - mudança em adaptação a novas condições físicas e químicas, e Litificação - consolidação da rocha.


  1. As rochas metamórficas

Estas são oriundas do processo de metamorfismo acima descrito. Podem vir de rochas ígneas, sedimentares ou mesmo de outras metamórficas. Elas mudam quando é alterado as condições físicas e químicas de sua origem, sendo menos densas que as ígneas e mais que as sedimentares. Normalmente, explicam eventos tectônicas do passado. 

Como exemplo, temos o mármore ou a árdosia (é aquela rocha cinza presente em muitos quintais ou calçadas no SE brasileiro).

No ciclo podem ser transformadas em sedimentares por meio dos mesmos processos (I, E, T, D, D, L) descritos nas Ígneas. Ou ainda podem ser refundidas em magmas, processo denominada anatexia. Assim, os elementos reconfiguram em outra rocha ígnea mais tarde a partir dos constantes movimentos das placas tectônicas vivenciados.


  1. As rochas sedimentares

Por fim e não menos importante, temos as rochas formadas a partir de pequeníssimos fragmentos ou pedaços maiores de rochas. As rochas sedimentares podem estar separadas (clásticos) como na areia de praias ou nas lamas dos manguezais, em suspensão atmosférica (nas nuvens) ou, enfim, litificadas (consolidadas em rocha).

Elas são os produtos na superfície terrestre do desgaste de qualquer outra rocha, inclusive de outras sedimentares. E pelo processo de metamorfismo, podem ser transformadas em rochas metamórficas. Passam pelos processos acima descritos de I, E, T, D, D, L.

Formam cerca de 75% da exposição superficial rochosa da Terra, embora não sejam a maior em quantidades totais (apenas 5%).

Contêm normalmente matérias de origem orgânica (restos de vegetais, animais). Estes geram intenso interesse econômico atualmente, sobretudo por causa do petróleo, gás natural e carvão mineral contidos nos locais de deposição dos sedimentos, chamados de bacias sedimentares. Vale destacar também que são os locais onde são encontrados os fósseis, os vestígios de seres vivos que servem para compreender a origem e a evolução da vida.

Como exemplo do tipo sedimentar, temos o arenito e o calcário. Destacam-se por serem mais porosas do que as demais rochas, assim como menos resistentes.

(Resumo esquemático do autor)

Eis portanto o ciclo existente há muito anos. Por vezes imperceptível ao olhar existencial humano, mas comum na evolução geológica das crostas da Terra.

(Fonte: CYPRIANO, K.M.P., 2020)

sábado, 15 de agosto de 2020

Impactos Ambientais: Ilhas de calor | Inversão térmica | Chuva ácida | Lixo

Os impactos ambientais em microescala geográfica são constantemente observados, pois fazem parte do cotidiano das cidades. Se você vive em algum centro urbano, é possível que você já tenha sentido algum desses abaixo:

Inversão térmica: É um acontecimento natural da circulação do ar, pois o ar frio, denso que chegue a qualquer momento ficará para baixo do quente. Contudo nos centros urbanos e industrializados, uma camada de poluentes impedirá o ar quente circule para as camada mais frias, permanecendo frio por um período maior que o normal. Provoca, assim, uma concentração de moléculas de poluentes que agravam irritações respiratórias. É normalmente observado no início da manhã em períodos do inverno.

Ilha de calor: É a elevação da temperatura nos grandes centros urbanizados. Ocorre sobre grandes cidades, que têm os solos impermeabilizados pelo asfalto e carros que emitem poluentes tóxicos. Onde possuem concentração de grandes prédios de concreto e a ausência de áreas verdes. Tais condições que dificultam a dispersão de calor. Nesses locais, portanto, a temperatura média é de 3 a 10°C maior que as áreas vizinhas

Chuva ácida: Pela emissão de poluentes ácidos por indústrias, carros, termelétricas, etc., para a atmosfera. Ocorrendo uma foto-oxidação com a água presente nas nuvens e precipitando uma chuva com o ph ácido (abaixo de 7) na própria área e nas áreas ao redor. Destrói plantações e edifícios, acidifica lagos e altera ecossistemas, além de um risco a saúde humana.

O alto consumo dos centros urbanos, nos fazem pensar sobre os resíduos não aproveitados. Para onde vai o seu lixo?  Os lixões são locais onde eram despejados os lixos sem o menor tratamento. A incineração é a própria queima do lixo, mas gera gases poluentes que devem ser tratados. A compostagem é separação de material orgânico, colocado para sofrer uma degradação biológica mais rápida; servindo como adubo. Um dos locais mais buscados para destino dos lixos são os aterros sanitários. É um espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana, provenientes de residências, indústrias, hospitais, construções. Consiste em camadas alternadas de lixo e terra que evita mau cheiro e a proliferação de animais.  Coleta-se os líquidos e gases, que por sua vez podem ser reciclados ou mitigar ao máximo seus impactos ambientais.

Fonte: Cypriano, K. M. P.

Para entender os fenômenos, acesse: https://youtu.be/c6c5JYwYAB0 e https://youtu.be/K8HU1q16Df0

sábado, 1 de agosto de 2020

Impactos ambientais: efeito estufa, mudanças climáticas e a camada de ozônio

Quando falamos de impactos ambientais  estamos falando dos impactos no meio ambiente - em geral, de todos os fatores externos que agem de forma permanente sobre os seres vivos que devem buscar se adaptar de alguma modo para então sobreviver. As alterações podem ser levadas em consideração por duas escalas de análise.


Em macroescala geográfica, podemos observar dois fenômenos mais comumente observados e com certa influência dos seres humanos. Primeiramente temos o fenômeno do Efeito Estufa, que consiste na retenção de calor irradiado pela superfície terrestre nas partículas de gases, aerossóis e de vapor d'água na atmosfera. É um fenômeno natural que mantêm a temperatura média no planeta em torno dos 15°C. Habitável assim para diferentes espécies, inclusive a humana, que se adaptaram à temperatura por um longo tempo.


Esse efeito pode ser alterado por diferentes atividades naturais como as erupções vulcânicas, ciclo solares, e também pela influência antrópica (humana).


Esta influência acontece quando algumas práticas humanas nos últimos duzentos anos vêm aumentando os Gases de Efeito Estufa (GEE), os que retêm o calor na atmosfera. O principal deles é o dióxido de carbono, oriundo dos combustíveis fósseis e amplamente utilizado na indústria moderna, é referência para aferir a quantidade dos gases estufa. 


Quantidade de emissões de gás carbono observando apenas a geração de energia (Fonte: ONU, 2012)

Sabe-se por experiências laboratoriais que o CO2 retêm o calor irradiado (infravermelho, comprimento de onda maior) e que alguns satélites capturaram evidências que demonstram essas ondas não escapando para o espaço sideral como outrora. Assim, diante de detecções em diferentes pontos da atmosfera e ainda por escavações paleoclimáticas em geleiras para identificar o passado, realizadas por estudos do IPCC (principal mecanismo científico de avaliação climática no mundo, composto por diferentes especialistas), tem-se a amostra que o CO2 aumentou de forma rápida ultimamente. Junto com demais GEE como o metano, óxido nitroso, entre outros; combinando, justamente, com o período do desenvolvimento industrial.



Assim, intensifica-se o efeito estufa acelerando as mudanças climáticas. As estimativas futuras, com isso, variam de acordo com as práticas humanas nas emissões de poluentes fósseis. A temperatura pode aumentar de 2 a 6°C trazendo consequências danosas, sobretudo para as populações mais vulneráveis economicamente. 


Outras consequências são os derretimentos das calotas polares e glaciares de montanhas (diminuição da criosfera), alterações na circulação oceânica (termohalina), acidificação do oceano (30% do CO2 é absorvido pelo oceano), aumento do nível dos oceanos, maior ocorrência de extremos climáticos, etc. (conforme o IPCC, 2013).


Uma alternativa é ampliar o uso de energias renováveis, como a solar e a eólica; diminuir o desmatamento; e um maior uso dos transportes coletivos. Medidas, em geral, que reduzem o uso de combustíveis fósseis ou que sequestram o CO2, no caso das árvores. 


Há ainda uma tentativa de desenvolver geoengenharias (IPCC,2013) para mitigar os impactos. Muitas inviáveis, mas podem servir de referência para boas práticas.

 

(Fonte: IPCC, 2013)


O que você pode fazer ?

Compartilhe sua ideia conosco.


Outro impacto identificado e que já vem sendo mitigado. É o conhecido buraco na camada de ozônio (O3).

A camada de ozônio é uma camada natural da atmosfera no planeta Terra que apresenta um comportamento pequeno de variação na sua espessura natural. 


Presente na estratosfera entre 30-50Km de altitude, a camada oferece uma proteção contra a alta incidência da radiação ultravioleta (UVB) oriunda do sol. Sem ela, seriam mais altos os casos de câncer de pele, catarata e uma diminuição da capacidade de fotossíntese das plantas.


A questão veio à tona quando foi descoberto um afinamento/abertura desta camada. Desde então buscou-se explicações para tal evento. Descobrindo-se na década de 1980 a influência, sobretudo dos clorofluorcarbonos (CFCs), numa reação com o ozônio. Eles ascendiam até o nível da camada onde reagiam fotoquimicamente em cadeia. 


Feito na década de 1930 e largamente utilizado na fabricação de geladeiras, aparelhos de ar condicionado, aerossóis diversos, etc.; foi reconhecido como causador da anomalia e acordado o fim de seu uso em 1987 no âmbito do Protocolo de Montreal (CA). 


Hoje já se encontra banido na fábricas e há sinais de melhora, mas estima-se que a camada de ozônio somente recomponha-se originalmente entre 2050 a 2060. O que serve de exemplo de reequilíbrio alterando um hábitos equivocado.

sábado, 11 de julho de 2020

Hierarquia Urbana: Conceitos

Quando falamos de urbanização podemos classificar diferentes tipos organizações territoriais. Conforme os seres humanos foram se aglomerando nas cidades, seja por livre vontade ou coerção, seja "resultado e uma condição do processo de difusão do capital" (geógrafo Milton Santos), ela pode variar segundo alguns critérios. Tais como o grau de influência sobre outras cidades, número de habitantes, serviços ofertados, escala regional e global. Assim temos as seguintes classificações ou conceitos urbanos:

Cidade - De acordo com a ONU, uma cidade é um lugar mais quantitativo com mais de 20 mil habitantes. Já no Brasil é considerada cidade um local com sede administrativa municipal ou um distrito dessa sede (Prefeitura). 

Metrópole - É a cidade que exerce influência sobre outras, que polariza outras. Podemos afirmar que é a cidade-mãe. Ex.: Londres (ING), Rio de Janeiro (BRA).

Região Metropolitana - A definição dada pelo IBGE (2010) afirma que é o "conjunto de municípios com a finalidade de executar funções públicas que, por sua natureza, exige cooperação entre os mesmos para a solução de problemas comuns, como serviços de saneamento básico e de transporte coletivo (...)." Ex.: Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Região Metropolitana de São Paulo.

Megalópole - São regiões Metropolitanas cornubadas com intenso fluxo de pessoas, mercadorias. Possuem bons meios de transporte e comunicação. Ex.: Bos-Wash (região formada por Boston, Nova York, Filadélfia, Baltimore e Washington).

Megacidade - Conforme a ONU, defini-se quantitativamente por cidade com mais de 10 milhões de habitantes. Passam a exercer maior pressão por políticas públicas. Ex.: Munbai(ÍND), Lagos (NIG)

Cidade Global - É a cidade que exerce influência econômica, cultural e política em grande parte do planeta.  Podem ser dividas ainda em alfa, beta, gama de acordo com o nível de poder global. São sedes de transnacionais, bancos internacionais, exportam hábitos alimentares, modas e/ou regimes políticos, por exemplo. Ex.: alfa → Nova York (EUA); beta → Berlim (ALE); gama → Porto (POR). 

Em parte isso, ainda podemos falar de algumas práticas urbanas que configuram essa hierarquia. Alguns conceitos ajudam a melhor entender isso: 

Cornubação - É a fusão física de duas ou mais cidades vizinhas. Ocorre em áreas urbanas onde não é possível distinguir duas cidades ou mesmo municípios.

Gentrificação - É a mudança de paisagens urbanas que apresentam sinais de degradação física, passando a atrair moradores de renda mais elevada por uma reforma. Após essa mudança de perfil, aumentam-se os custos de vida na região e expulsam-se os moradores de menor renda. Ex.: O processo de "revitalização" da região portuária do Rio de Janeiro, intitulada "Porto Maravilha" (RJ).