sábado, 19 de setembro de 2020

Climas do Brasil

Primeiro passo é identificarmos o que é clima. 


Como está o clima aí onde você mora ?

O clima tá pesado ? Perigoso ?

O clima é um dia chuvoso apenas?


Não estamos falando do clima do ambiente social que vive nem do estado momentâneo da atmosfera (tempo). O clima que estamos falando refere-se a verificações contínuas de características atmosféricas. Com um recorte de 30 anos de dados, tais como: temperatura, chuvas e umidade da atmosfera, podemos designar padrões climáticos. 


Há diferentes formas de classificar o clima. E enquanto não é feita uma brasileira, destacam-se duas mais famosas. Temos a de Koppën (pioneira, é mais específica e utilizada pelo IBGE) e a de Strahler (baseada na dinâmica atmosférica, massas de ar e precipitações e mais comum nas provas brasileiras).


Então é desta última que mastigaremos os climas no Brasil. Pega a visão: 


Sabemos que o território brasileiro está localizado em cerca de 92%  na região intertropical. Isto é: de Norte ao Sul atravessa a linha do latitudinal que recebe mais raios solares (L. Equador), ultrapassa o Trópico de Capricórnio, até o Rio Grande do Sul encontrar o Uruguai. 


Assim sendo, o Brasil vai receber a influência das massas de ar próximas dessas regiões. Vale lembrar que são cinco (mPa, mTa, mTc, mEa, mEc) grandes massas de ar (porções da atm carregadas dos atributos de onde são formadas) que atuam no território brasileiro. Além dos fatores climáticos, temos dessa combinação sete climas brasileiros, conforme Strahler. Somadas contribuições, são eles:

(Fonte: autor com base em Strahler)

1 - Equatorial úmido: próximo a Linha do Equador, com predomínio da mEc no verão, e ainda da mEa, está praticamente na área da Floresta Amazônica. Temos aqui uma temperatura constantemente alta e elevados índices de chuva e umidade. Em laranja no mapa - Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, parte do Pará, Maranhão, Roraima e Mato Grosso).


2 - Equatorial semiúmido: variação das massas de ar do clima Equatorial úmido em virtude das modificações do relevo(planalto das guianas). Ocorre por isso um menor volume de chuvas. Em vermelho no mapa - parte de Roraima e Pará.


3 - Tropical: ocupa todo o planalto central estendendo-se a SE e NE do território. Há  um predomínio da mTc entre abril e setembro (período de estiagem - seco) e atuação da mEc e mTa levando umidade a essas regiões. Temos assim um temperatura quente, com duas estações bem definida entre seca e mais úmida.

Em azul claro do mapa - Goiás, Tocantins, Brasília, parte do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais.


4 - Tropical de altitude: variação do clima tropical com interferência dos planaltos centrais e as serras do SE (serras Mar e Mantiqueira). As médias térmicas serão mais amenas pelo fator da altitude (abaixo dos 18°C). Em azul escuro no mapa - parte do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul.


5 - Tropical litorâneo: também é uma variação do clima tropical por causa da maritimidade e da mTa ao longo da faixa atlântica do litoral brasileiro. Assim há uma elevação das temperaturas e uma maior umidade. As chuvas ficam intensas de março a agosto no NE e de dezembro a março no SE. Em rosa no mapa, ocorre do litoral de Rio Grande do Norte ao de São Paulo.


6 - Subtropical: ao sul do Trópico de Capricórnio, em parte planalto meridional, praticamente na região sul brasileira temos um clima de predomínio da mPa. Ocorre aqui mais frentes frias, que provocam chuvas constantes, baixas temperaturas. Possui um verão suave e durante o inverno podemos observar geadas e precipitações de neve.


7 - Semiárido: localizado praticamente no chamado polígono das secas, conhecido como sertão nordestino, caracteriza-se pela escassez de chuva. A mTa, mEa não conseguem atuar na região. Somente chuvas bem sazonais(irregulares) ocorrem na região e, por vezes, não ocorrem. Com isso, as médias térmicas serão elevadas, o ambiente será mais seco e haverá também um alta amplitude térmica no local. 


São esses nossos climas segundo o Strahler. Lembrando que os climas podem variar conforme as mudanças climáticas forem mitigadas ou alterações alterações persistirem. 


 Fonte: CYPRIANO, K.M.P.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O Ciclo das Rochas

As rochas são agregados consolidados de minerais (átomos microscópicos organizados, homogêneos, inorgânicos, cristalizados → sólidos simétricos) oriundos de diversos processos da dinâmica terrestre. Elas estão em constantes transformações, tanto interna quanto externamente acompanham a dinâmica da natureza da Terra. É como nos lembra o químico A. Lavoisier: "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", assim também ocorre com esses elementos mais duros da natureza, as rochas. Em variantes temporais de milhares de anos ou em curtas atividades tectônicas, vulcânicas, temos o ciclo das rochas.


Apesar disso tudo, vamos com calma ! São bem simples. Você, provavelmente, já esteve em contato com algumas dessas rochas comuns em muitas residências. 


Existem três principais tipos:


  1. As rochas ígneas ou magmáticas

Onde tudo começou em relação às rochas e de onde, em grande parte, outras derivam. São as rochas oriundas do fogo (ignis) ou do material magmático extravasado do interior da Terra. Quando chegam na superfície, logo esfriam, formando um tipo de rocha - no caso, basáltica. Ou ainda podem esfriar mais lentamente no interior da crosta terrestre (continental ou oceânica) formando os granitos (uma rocha ígnea intrusiva). 


Então, elas podem seguir dois caminhos no ciclo, ou se transformar em rochas metamórficas ou sedimentares.


Para as rochas metamórficas, elas sofrem um processo chamado de metamorfismo. 

Fácil, não? Bem, nem tanto assim! Vamos lá:

O processo de metamorfismo é a mudança externa ou interna na crosta terrestre de rochas submetidas a pressão e temperatura  diferentes do seu estado de formação. Geram com isso outras rochas a partir do rocha matriz (protolito). Mudam nesse processo de estrutura e textura.

Enquanto que para as rochas sedimentares ocorrem alguns processos a mais, até possivelmente gerar uma nova rocha. Das rochas ígneas até às sedimentares ocorrem o Intemperismo - desagregação da rocha, Erosão - agentes do movimento dos detritos, Transporte - meios como água, gelo, vento que encaminham a erosão, Deposição  - assentamento dos grãos, Diagênese - mudança em adaptação a novas condições físicas e químicas, e Litificação - consolidação da rocha.


  1. As rochas metamórficas

Estas são oriundas do processo de metamorfismo acima descrito. Podem vir de rochas ígneas, sedimentares ou mesmo de outras metamórficas. Elas mudam quando é alterado as condições físicas e químicas de sua origem, sendo menos densas que as ígneas e mais que as sedimentares. Normalmente, explicam eventos tectônicas do passado. 

Como exemplo, temos o mármore ou a árdosia (é aquela rocha cinza presente em muitos quintais ou calçadas no SE brasileiro).

No ciclo podem ser transformadas em sedimentares por meio dos mesmos processos (I, E, T, D, D, L) descritos nas Ígneas. Ou ainda podem ser refundidas em magmas, processo denominada anatexia. Assim, os elementos reconfiguram em outra rocha ígnea mais tarde a partir dos constantes movimentos das placas tectônicas vivenciados.


  1. As rochas sedimentares

Por fim e não menos importante, temos as rochas formadas a partir de pequeníssimos fragmentos ou pedaços maiores de rochas. As rochas sedimentares podem estar separadas (clásticos) como na areia de praias ou nas lamas dos manguezais, em suspensão atmosférica (nas nuvens) ou, enfim, litificadas (consolidadas em rocha).

Elas são os produtos na superfície terrestre do desgaste de qualquer outra rocha, inclusive de outras sedimentares. E pelo processo de metamorfismo, podem ser transformadas em rochas metamórficas. Passam pelos processos acima descritos de I, E, T, D, D, L.

Formam cerca de 75% da exposição superficial rochosa da Terra, embora não sejam a maior em quantidades totais (apenas 5%).

Contêm normalmente matérias de origem orgânica (restos de vegetais, animais). Estes geram intenso interesse econômico atualmente, sobretudo por causa do petróleo, gás natural e carvão mineral contidos nos locais de deposição dos sedimentos, chamados de bacias sedimentares. Vale destacar também que são os locais onde são encontrados os fósseis, os vestígios de seres vivos que servem para compreender a origem e a evolução da vida.

Como exemplo do tipo sedimentar, temos o arenito e o calcário. Destacam-se por serem mais porosas do que as demais rochas, assim como menos resistentes.

(Resumo esquemático do autor)

Eis portanto o ciclo existente há muito anos. Por vezes imperceptível ao olhar existencial humano, mas comum na evolução geológica das crostas da Terra.

(Fonte: CYPRIANO, K.M.P., 2020)

sábado, 15 de agosto de 2020

Impactos Ambientais: Ilhas de calor | Inversão térmica | Chuva ácida | Lixo

Os impactos ambientais em microescala geográfica são constantemente observados, pois fazem parte do cotidiano das cidades. Se você vive em algum centro urbano, é possível que você já tenha sentido algum desses abaixo:

Inversão térmica: É um acontecimento natural da circulação do ar, pois o ar frio, denso que chegue a qualquer momento ficará para baixo do quente. Contudo nos centros urbanos e industrializados, uma camada de poluentes impedirá o ar quente circule para as camada mais frias, permanecendo frio por um período maior que o normal. Provoca, assim, uma concentração de moléculas de poluentes que agravam irritações respiratórias. É normalmente observado no início da manhã em períodos do inverno.

Ilha de calor: É a elevação da temperatura nos grandes centros urbanizados. Ocorre sobre grandes cidades, que têm os solos impermeabilizados pelo asfalto e carros que emitem poluentes tóxicos. Onde possuem concentração de grandes prédios de concreto e a ausência de áreas verdes. Tais condições que dificultam a dispersão de calor. Nesses locais, portanto, a temperatura média é de 3 a 10°C maior que as áreas vizinhas

Chuva ácida: Pela emissão de poluentes ácidos por indústrias, carros, termelétricas, etc., para a atmosfera. Ocorrendo uma foto-oxidação com a água presente nas nuvens e precipitando uma chuva com o ph ácido (abaixo de 7) na própria área e nas áreas ao redor. Destrói plantações e edifícios, acidifica lagos e altera ecossistemas, além de um risco a saúde humana.

O alto consumo dos centros urbanos, nos fazem pensar sobre os resíduos não aproveitados. Para onde vai o seu lixo?  Os lixões são locais onde eram despejados os lixos sem o menor tratamento. A incineração é a própria queima do lixo, mas gera gases poluentes que devem ser tratados. A compostagem é separação de material orgânico, colocado para sofrer uma degradação biológica mais rápida; servindo como adubo. Um dos locais mais buscados para destino dos lixos são os aterros sanitários. É um espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana, provenientes de residências, indústrias, hospitais, construções. Consiste em camadas alternadas de lixo e terra que evita mau cheiro e a proliferação de animais.  Coleta-se os líquidos e gases, que por sua vez podem ser reciclados ou mitigar ao máximo seus impactos ambientais.

Fonte: Cypriano, K. M. P.

Para entender os fenômenos, acesse: https://youtu.be/c6c5JYwYAB0 e https://youtu.be/K8HU1q16Df0

sábado, 1 de agosto de 2020

Impactos ambientais: efeito estufa, mudanças climáticas e a camada de ozônio

Quando falamos de impactos ambientais  estamos falando dos impactos no meio ambiente - em geral, de todos os fatores externos que agem de forma permanente sobre os seres vivos que devem buscar se adaptar de alguma modo para então sobreviver. As alterações podem ser levadas em consideração por duas escalas de análise.


Em macroescala geográfica, podemos observar dois fenômenos mais comumente observados e com certa influência dos seres humanos. Primeiramente temos o fenômeno do Efeito Estufa, que consiste na retenção de calor irradiado pela superfície terrestre nas partículas de gases, aerossóis e de vapor d'água na atmosfera. É um fenômeno natural que mantêm a temperatura média no planeta em torno dos 15°C. Habitável assim para diferentes espécies, inclusive a humana, que se adaptaram à temperatura por um longo tempo.


Esse efeito pode ser alterado por diferentes atividades naturais como as erupções vulcânicas, ciclo solares, e também pela influência antrópica (humana).


Esta influência acontece quando algumas práticas humanas nos últimos duzentos anos vêm aumentando os Gases de Efeito Estufa (GEE), os que retêm o calor na atmosfera. O principal deles é o dióxido de carbono, oriundo dos combustíveis fósseis e amplamente utilizado na indústria moderna, é referência para aferir a quantidade dos gases estufa. 


Quantidade de emissões de gás carbono observando apenas a geração de energia (Fonte: ONU, 2012)

Sabe-se por experiências laboratoriais que o CO2 retêm o calor irradiado (infravermelho, comprimento de onda maior) e que alguns satélites capturaram evidências que demonstram essas ondas não escapando para o espaço sideral como outrora. Assim, diante de detecções em diferentes pontos da atmosfera e ainda por escavações paleoclimáticas em geleiras para identificar o passado, realizadas por estudos do IPCC (principal mecanismo científico de avaliação climática no mundo, composto por diferentes especialistas), tem-se a amostra que o CO2 aumentou de forma rápida ultimamente. Junto com demais GEE como o metano, óxido nitroso, entre outros; combinando, justamente, com o período do desenvolvimento industrial.



Assim, intensifica-se o efeito estufa acelerando as mudanças climáticas. As estimativas futuras, com isso, variam de acordo com as práticas humanas nas emissões de poluentes fósseis. A temperatura pode aumentar de 2 a 6°C trazendo consequências danosas, sobretudo para as populações mais vulneráveis economicamente. 


Outras consequências são os derretimentos das calotas polares e glaciares de montanhas (diminuição da criosfera), alterações na circulação oceânica (termohalina), acidificação do oceano (30% do CO2 é absorvido pelo oceano), aumento do nível dos oceanos, maior ocorrência de extremos climáticos, etc. (conforme o IPCC, 2013).


Uma alternativa é ampliar o uso de energias renováveis, como a solar e a eólica; diminuir o desmatamento; e um maior uso dos transportes coletivos. Medidas, em geral, que reduzem o uso de combustíveis fósseis ou que sequestram o CO2, no caso das árvores. 


Há ainda uma tentativa de desenvolver geoengenharias (IPCC,2013) para mitigar os impactos. Muitas inviáveis, mas podem servir de referência para boas práticas.

 

(Fonte: IPCC, 2013)


O que você pode fazer ?

Compartilhe sua ideia conosco.


Outro impacto identificado e que já vem sendo mitigado. É o conhecido buraco na camada de ozônio (O3).

A camada de ozônio é uma camada natural da atmosfera no planeta Terra que apresenta um comportamento pequeno de variação na sua espessura natural. 


Presente na estratosfera entre 30-50Km de altitude, a camada oferece uma proteção contra a alta incidência da radiação ultravioleta (UVB) oriunda do sol. Sem ela, seriam mais altos os casos de câncer de pele, catarata e uma diminuição da capacidade de fotossíntese das plantas.


A questão veio à tona quando foi descoberto um afinamento/abertura desta camada. Desde então buscou-se explicações para tal evento. Descobrindo-se na década de 1980 a influência, sobretudo dos clorofluorcarbonos (CFCs), numa reação com o ozônio. Eles ascendiam até o nível da camada onde reagiam fotoquimicamente em cadeia. 


Feito na década de 1930 e largamente utilizado na fabricação de geladeiras, aparelhos de ar condicionado, aerossóis diversos, etc.; foi reconhecido como causador da anomalia e acordado o fim de seu uso em 1987 no âmbito do Protocolo de Montreal (CA). 


Hoje já se encontra banido na fábricas e há sinais de melhora, mas estima-se que a camada de ozônio somente recomponha-se originalmente entre 2050 a 2060. O que serve de exemplo de reequilíbrio alterando um hábitos equivocado.

sábado, 11 de julho de 2020

Hierarquia Urbana: Conceitos

Quando falamos de urbanização podemos classificar diferentes tipos organizações territoriais. Conforme os seres humanos foram se aglomerando nas cidades, seja por livre vontade ou coerção, seja "resultado e uma condição do processo de difusão do capital" (geógrafo Milton Santos), ela pode variar segundo alguns critérios. Tais como o grau de influência sobre outras cidades, número de habitantes, serviços ofertados, escala regional e global. Assim temos as seguintes classificações ou conceitos urbanos:

Cidade - De acordo com a ONU, uma cidade é um lugar mais quantitativo com mais de 20 mil habitantes. Já no Brasil é considerada cidade um local com sede administrativa municipal ou um distrito dessa sede (Prefeitura). 

Metrópole - É a cidade que exerce influência sobre outras, que polariza outras. Podemos afirmar que é a cidade-mãe. Ex.: Londres (ING), Rio de Janeiro (BRA).

Região Metropolitana - A definição dada pelo IBGE (2010) afirma que é o "conjunto de municípios com a finalidade de executar funções públicas que, por sua natureza, exige cooperação entre os mesmos para a solução de problemas comuns, como serviços de saneamento básico e de transporte coletivo (...)." Ex.: Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Região Metropolitana de São Paulo.

Megalópole - São regiões Metropolitanas cornubadas com intenso fluxo de pessoas, mercadorias. Possuem bons meios de transporte e comunicação. Ex.: Bos-Wash (região formada por Boston, Nova York, Filadélfia, Baltimore e Washington).

Megacidade - Conforme a ONU, defini-se quantitativamente por cidade com mais de 10 milhões de habitantes. Passam a exercer maior pressão por políticas públicas. Ex.: Munbai(ÍND), Lagos (NIG)

Cidade Global - É a cidade que exerce influência econômica, cultural e política em grande parte do planeta.  Podem ser dividas ainda em alfa, beta, gama de acordo com o nível de poder global. São sedes de transnacionais, bancos internacionais, exportam hábitos alimentares, modas e/ou regimes políticos, por exemplo. Ex.: alfa → Nova York (EUA); beta → Berlim (ALE); gama → Porto (POR). 

Em parte isso, ainda podemos falar de algumas práticas urbanas que configuram essa hierarquia. Alguns conceitos ajudam a melhor entender isso: 

Cornubação - É a fusão física de duas ou mais cidades vizinhas. Ocorre em áreas urbanas onde não é possível distinguir duas cidades ou mesmo municípios.

Gentrificação - É a mudança de paisagens urbanas que apresentam sinais de degradação física, passando a atrair moradores de renda mais elevada por uma reforma. Após essa mudança de perfil, aumentam-se os custos de vida na região e expulsam-se os moradores de menor renda. Ex.: O processo de "revitalização" da região portuária do Rio de Janeiro, intitulada "Porto Maravilha" (RJ).

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Resumo sobre a China

O que é a China ?

Além de ter a maior população mundial(1,4 bi), ser (ainda) a 2° economia mundial, ser o 3° maior território mundial, estar localizada no Leste Asiático, e você certamente ter vários produtos "made in china" ; o que é a China ?

A China é país milenar, tendo aproximadamente 5000 anos de existência por registros de caçadores e coletores que por lá viveram. É composta por diferentes etnias (90% han, hoje) e foi berço para desenvolvimento de diferentes culturas.

Isolada geograficamente por longo tempo, diferentes dinastias sucederam-se no controle das sociedades chinesas. Semelhante a feudos, grupos familiares governavam suas cidades muradas com relativa soberania à possíveis estrangeiros que viessem pela rota da seda (maior ligação comercial do ocidente com o oriente chinês via terra). Sendo periodicamente as últimas grandes dinastias a Song (960 - 1279), Ming (1368-1644), Qing(1644-1911).

Dos diferentes hábitos culturais chineses, podem ser destacados a arte de governar, o humanismo da filosofia de Confúcio; as estratégias de guerra do livro A arte da guerra, Sun Tzu; o ataque indireto e a vitória relativa aprendidas também no jogo de tabuleiro wei qi ou go. Estas práticas são espinhas dorsais que muito orientaram a ação chinesa e ainda exercem forte influência.

 Uma coisa a mais que vale ressaltar é a percepção que sempre teve de si, como Império do centro (ou do meio); sempre superior às demais nações ao seu entorno. As quais para qualquer relacionamento comercial era necessário tecer reverência total ao imperador que, em pessoa, ligava o céu à terra. Considerava-se portanto a civilização maior em riqueza, honra, etc., que quaisquer outras. Com isso, não manteve esforços para industrialização no séculos XVIII e XIX.

Destacam-se ainda na história, de um modo geral, como os inventores de grandes tecnologias (pólvora, navios, bússola, pipa) sem contudo usá-las de modo expansivo ou agressivo. Apenas sabiam como fazer e tinha outros usos.

...Mudou !

Até que... nações detentoras de tecnologias navais na segunda metade do século XIX ingressaram à força em seu território. O império britânico, principalmente, no período imperialista (se é que terminou) fez várias missões à China. Até impôr seu livre mercado (palavra sem ressonância no alfabeto chinês), e igualdade nas relações comerciais por meio de melhor tecnologia militar e melhores produtos danosos ao consumidor (ópio). Assim ainda escolheu o local no litoral que parecia existir melhor porto natural para fincar permanentemente suas tropas - Hong Kong.

Isso ficou sacramentado no Tratado de Nanquim, modificando as relações internas e provocando rebeliões domésticas na China. Reacionários a isso, ocorreu a insurgência de lutadores de artes marciais chinesas somadas as forças do império Qing contra tudo o que fosse estrangeiro, o que ficou conhecida como a Revolta dos Boxers (1898). Terminando, por fim, sem sucesso por união das forças estrangeiras. 

E no século XX: o que foi a China?

Em desequilíbrio, a China entra num período de estados combatentes.  Emergem conflitos com supremacia de uma República chinesa com o líder nacionalista Yat-sen em 1912. Em parte isso há dois movimentos partidários: o Partido Nacionalista(1920) com Chiang Kai-Shek possuindo um controle teórico sobre o país; e o Partido Comunista Chinês (1921) que exercia um governo paralelo.

Jogando wei qi no campo, o PCCh liderado pelo grande Timoneiro, Mao Tsé-Tung(ou Mao Zedong) faz uma  "Grande Marcha" por anos até Pequim (centro político) onde assumem o controle do país em 1949. Conhecida como Revolução Chinesa, a iniciativa de Mao cria a República Popular Chinesa unindo o antigo e o novo sob uma nova dinastia e nova ideologia.

Observa-se que os nacionalistas foram convidados a se retirarem, indo parar na então Ilha de Formosa (SE da China, conhecida como Taiwan). Criaram a República da China e pouparam forças até um dia regressarem ao continente. Até hoje estão poupando... Sendo uma região de constante tensão.

Mao, por outro lado, uniu ideologia marxista, tradição e nacionalismo chinês para criar uma identidade vestifaliana à China. Esteve inclinado com a Rússia, mas estrategicamente manteve a soberania (jamais esqueceu dos imperativos do Kremilin sobre Manchúria). Foi contra o imperialismo e o feudalismo e promoveu certa igualdade a recursos básicos. E dois movimentos são marcantes de sua atuação:
1 - O "Grande Salto Adiante" (1958) que promoveu uma industrialização acelerada. Retirando riquezas do meio rural para indústrias, levou um rápido desenvolvimento industrial ao país e, por outro lado, cerca de 20 milhões de mortes.

2 - A "Revolução Cultural"(1966) na qual o livro vermelho de Mao era a bíblia dos chineses. Foi o momento de formar novos líderes do partido, aprender com o campo e perseguir opositores.

Com a morte se Mao em 1976, o partido único chinês elege Deng Xiaoping (1978) para o comando da nação. Líder pragmático, "pobreza não era socialismo" para ele nem compatível com a restrinção de pensamentos, assim faz um socialismo à moda chinesa com resume o lema dele: "um país e dois sistemas". Sistematiza uma abertura econômica modernizando a indústria, agricultura, defesa e tecnologia e abre zonas de investimentos estrangeiros (ZEEs). Cria uma, inverossímil para muitos, "economia socialista de mercado". Um verdadeiro oásis capitalista com altos rendimentos provinientes de mdo disciplinada e acesso a um alto de mercado interno. Altas taxas de crescimento econômico, desenvolvimento urbano e busca por cooperação mundial são facilmente identificáveis nos anos posteriores com Jiang.

Então neste novo milênio vai reecontrando seu DNA com Hu Jintão. Procura prosperidade como puder e faz uma reabilitação ao pensamento de Confúcio. Sob o lema de um desenvolvimento pacífico e um mundo em harmonia estende sua geopoítica no mundo fazendo parcerias com países, muitas das nações descartadas do comércio global.  Vira a fábrica do mundo ao fazer políticas de desvalorização cambial do yuan para exportar cada vez mais. E mostrou-se o dragão asiático na olimpíada de Pequim 2008.

(Fonte imagem: Ipea, 2009)

Neste ritmo de crescimento econômico, há a previsão de assumir o posto de primeira economia do mundo em 2025, superando os EUA. Mas será uma ascensão inexorável da China ? Ou será que a história se repete como foi a Alemanha e Inglaterra ?

Poderia haver um diálogo, cooperação, uma coevolução entre EUA e Ch ? Uma Comunidade Pacífica (assim como teve a Comunidade Atlântica) em que todos participem ?  Fica a dica, uma comunidade pacífica, que não seja só do oceano pacífico, mas do sadio diálogo cooperativo é o caminho menos burro que alguma guerra nuclear.

Atualidades:

Como atualidades vale destacar a criação da Nova Rota da Seda pelo governo chinês. Um projeto de interligação estrutural, sobretudo ferroviária, do centro, leste europeu ao SE, Leste asiático e deste também ao norte africano. Reduzindo em semanas o transporte de pessoas e produtos. Além de criar conexões, integrações multilaterais, aos países envolvidos vai ofertar mercado como também às megaempresas de infraestrutura do império do meio. A intenção é terminar em 2049, ano do centenário revolução chinesa.

(Fonte: Geopolimaps)

A questões que pesam nisso tudo são relativas a democracia, impactos ambientais,  produtos desconfiáveis. Sobre a democracia lembra-se o massacre de Tiananmen (ou praça da paz celestial), quando houve supressão aos direitos humanos, aproximadamente 300 mortos que lutavam por liberdade. Poderá haver democracia na China algum dia?  As recentes revoltadas dos guarda-chuvas de Hong Kong (Região Administrativa Especial desde 1997) em 2019 contra uma ingerência política de Pequim, ainda podem se espalhar e melhorar ainda mais a já potência chinesa.

(Fonte para citação de qualquer trecho: CYPRIANO, K.M.P., 2020.)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Malthus e o novo coronavírus

Para conter o crescimento acelerado populacional, a 'divina providência' estabeleceu vícios, guerras, catástrofes naturais para acompanhar o ritmo de subsistência alimentar dos países. Assim o economista e religioso, Thomas R. Malthus, no século XIII, presumia o equilíbrio das nações entre a produção de alimentos e crescimento populacional em seu famoso "Ensaio sobre a população".

Um dos pioneiros na sistemática populacional, ele reiteradamente colocou que para crescer a população de determinado país era preciso dos meios de subsistência para tal, era preciso obter uma alta produção sobretudo agrícola. Caminha bem seu livro até aí, não fossem os argumentos proferidos do alto das torres de marfim, poderia ser ainda um best-seller. Continuando, mesmo assim, argumenta que desejaria que os países que não tivessem os meios necessários de existência, estivessem sujeitos a epidemias periódicas para que a população pudesse se ajustar mais adequadamente à produção média. Seria uma clarividência do mais novo "produto" made in Chine, o novo coronavírus?
Ter surgido em dezembro de 2019 na China deve ser motivo de alegria para o anglicano, quer onde esteja, pois em sua época, por mais que considerasse a fertilidade dos chineses os recriminava por vender seus próprios filhos. Com isso será o crescimento populacional chinês, o mais populoso, incompatível com as tecnologias atuais que colocam a teoria malthusiana novamente em volga? Apesar do neomalthusianismo já ter sido aplicado durante a política do filho único, seria a vez da teoria posta totalmente ?

A Teoria Malthusiana revela, levando em conta a sociedade norte-americana à época, que a produção de alimentos cresceria em proporção aritmética(1,2,3,4,5,6,...) enquanto o crescimento populacional em geométrica (1,2,4,8,16,32,...). Assim levando à superpopulação que padeceria por escassez de comida, sobretudo os mais pobres. Nesta linha ele advoga que era necessários alguns freios morais e naturais para reduzir a expansão populacional. Novamente, vale lembrar, se esqueceu das melhorias técnicas, culturas distintas e das displicências individuais que nos colocam hoje em outros patamares. Apesar disso, o risco de uma, agora no século XXI, pandemia do coronavírus recolocam um Malthus globalizado no debate. Por quê?

Pode ser um fator positivo para o bom desenvolvendo econômico chinês a crise começada em Wuhan? Certamente já há perdas econômicas para empresas que lucravam com os baixos produtos, equipamentos chineses. Aos poucos trabalhadores vão sendo forçados a tirar férias coletivas como o caso da LG de Taubaté-SP por desabastecimento de peças. Portanto, certamente, não está sendo bom economicamente. Se continuar, poderá haver mais perdas trabalhistas em países parceiros. Um largo espirro contaminante. Porém será bom para um crescimento sustentado da China em longo prazo?

Longe de afirmar que seria coisa proposital do Partido Comunista Chinês, o novo vírus pode equilibrar o crescimento Chinês numa proporção de subsistência como afirmava ser necessário Malthus. Surge mais um alerta global e um desenvolvimento mais sustentado para a China. Uma boa saída para o crescimento superacelerado das últimas décadas. Eis o encontro improvável do dragão asiático e a teoria fênix em 2020.