sábado, 12 de dezembro de 2020

Áfricas

 Fome, guerra, exploração: como foi sua formação moderna e o que é o continente africano além disso ?


Em três momentos vamos identificar as relações sociais regionalizadoras da situação do continente africano. Nesse rápido resumo, entenderemos os principais pontos da história, da modernidade colonial e dos desafios da contemporaneidade.  Pega a visão!


Em primeiro momento vale identificarmos o berço da humanidade e o nascimento do nome do continente "África". Sabe-se que o registro de fósseis da espécie humana mais antigos já descobertos, foram encontrados no continente africano. A África mais ancestral, se não a casa do limiar geracional da espécie, foi certamente um lugar mais importante para o gênero "Homo" do qual descendemos.


Uma das etnias principais do continente são os da língua berbere que darão o radical para o nome do continente. Esses viviam no norte africano, no espaço de influência fenícia de Catargo, região outrora destruída pelos romanos. Com isso foram para outra província, a atual Túnis. Sendo estes reconhecidos externamente como habitantes da África (do radical berbere Ifri = rochedo/gruta), por extensão passou a denominar todos os habitantes do continente a noroeste pelos árabes.


Em todo continente africano podemos intuir que existiam diferentes grupos étnicos, alguns antropologicamente conhecidos. Podem ser destacados os balantas, iorubas, bijagós, jejes, manjacos, haussás, mandingas; caracterizados pela região temos os bantos, nagôs, minas, sudaneses, dentre outros. Tinham cada qual seus próprios reinos e impérios relativamente bem delimitados. Cresciam e desenvolviam-se, como o próspero Império Ghana, dentro de suas dinâmicas, tais semelhantes a Wakanda da ficção. Possuíam algumas relações comerciais com árabes e europeus, eram comunidades agrícolas e extrativistas.


O sul permanece nesse dinâmica de desenvolvimento até a expansão mercantil européia, enquanto que o norte passará pela expansão árabe. Adentramos assim na regionalização feita por alguns livros didáticos atuais, classificando duas Áfricas, uma ao norte e outra ao sul do deserto do Saara (uma certa barreira geográfica do território). São também denominadas de África do norte, África branca, África setentrional ou Magheb mais o Egito; e a África ao sul do Saara, África subsaariana ou África negra.


O norte atravessará a expansão colonial árabe, recentemente via império otomano, sobretudo nos séculos VII e VIII, com extensão colonial até a 1°GM. E assim terá maior influência da cultura islâmica. O sul do Saara somente no século XV entrará na dinâmica global pelo expansionismo mercantil e colonial europeu. Sobretudo no Sahel,  orla ao sul do Saara, teremos a integração diaspórica de mão de obra escravizada da região como "periferia da periferia" da DIT( Divisão Internacional do Trabalho) feita por europeus. Eis o começo moderno da diáspora africana de escravizados para a América, Ásia e Europa.


Tornando mais complexas ou acentuando profundidades a antigas estruturas sociais preexistentes, a mercantilização de escravos marca profundamente o período contemporâneo com casos de racismo e desigualdades estruturais. Por exemplo, somente para o Brasil do século XV ao XIX são trazidos nos navios negreiros, em condições insalubres, onde muitos morreriam a caminho, aproximadamente 4 milhões de escravizados de diferentes grupos étnicos africanos. Só estes somam cerca de 40% do total de escravos trazidos para as Américas, em volume e intensidade nunca antes vistos na história humana. Podemos deduzir aprox. 10 milhões na imigração forçada e violenta somente para as Américas. Período marcante da nossa história que ainda vale ser conscientizado posto que mal compreendido e muitas vezes invisibilizado nos livros. 

(Fonte:Slavevoyages.org)

Somente no século XIX teremos eventos modificadores dessa situação. Por um lado teorias racistas na tentativa de justificar o injustificável escravocrata desenvolvida por deterministas raciais europeus e, nas Américas, movimentos abolicionistas nos diversos países escravistas. Soma-se a isso, a revolução industrial alastrando por países um tipo de fabricação diferente na exploração da natureza e gerando uma riqueza fora dos padrões da época. Muitos países passarão a demandar matérias primas, países compradores de produtos manufaturados e uma mão de obra assalariada disposta a comprar seus produtos (um mercado consumidor). Com isso, os momentos se convergem nas mudanças de paradigmas sociais, ao menos em superfície.


Os afrodescendentes sobreviventes a isso nas diversas égides estatais, fizeram uma etnogênese própria nos quilombos e locais de resistência, como os afro-brasileiros. Houve alguma miscigenação fragmentada, contudo ainda hoje prevalecem exclusões em diversos níveis sociais. O que alguns autores têm denominado de racismo estrutural.


Dado isso, vale recordarmos a Conferência de Berlim (1884-85) feita para dividir e criar os estados africanos ao neocolonialismo (ou imperialismo) europeu. Cerca de 13 países europeus sob o comando do chanceler alemão Bismarck, mais os EUA e os otomanos, dividiram a África para si de acordo com o "direito internacional" da época. Direito criado por eles, cabe lembrar, não respeitando as comunidades étnicas das regiões.


Serão construídas então políticas coloniais distintas com estruturas pré-coloniais diversas que legarão configurações regionais singulares. Ainda hoje em conflitos, sistemas sociais precários e em reorganizações instáveis. Teremos estruturas coloniais que marcam o território e deixam heranças sociais excludentes. A parte mais visível foi o regime legal de apartheid sul-africano no século XX, é o próprio racismo oficializado. Segregação racial constituída por lei para distanciar brancos e negros da convivência social no país. Retirando os direitos civis de pessoas negras, que somente foram auferidos em 1994 com a eleição de Nelson Mandela na República da África do Sul.


Em macroanálise, com o fim da 2°GM, teremos um novo ciclo para o continente. Começam a ocorrer rupturas ao padrão colonial "oficial" a partir da década de 1960. São formados os Estado-nações independente africanos, ainda que preservando delimitações territoriais daquela conferência. O que levará a uma constante tensão entre um Estado centralizador versus forças regionais. Como exemplo recente, temos o Sudão dividindo-se no Sudão do Sul. Portanto, há uma instabilidade interna em muitos países dada pelas fronteiras coloniais.


E além disso ?


A partir do século XXI teremos investimentos externos numa perspectiva de desenvolvimento horizontal. Desde a década de 1980, observa-se a China buscando relações ‘amigáveis’ com países africanos. Financiou obras de infraestrutura em diversos países, ultrapassando a atuação do Banco Mundial, por exemplo. Em busca de recursos naturais, matérias-primas (as commodities; petróleo, gás, minérios) e mercado consumidor; a China ganhará destaque a partir do novo milênio em relações comerciais com países africanos, sendo o de maior parcerias comerciais na África a partir de 2009.  Juntos com os países de economia emergentes (como o BRA e IND), ainda a França como ex-colonial investidora e os EUA confrontando a China, aumentam suas relações econômicas no continente. O continente assim expressa-se como reserva de recursos naturais para tipos de subimperialismos contemporâneos.


Nesse sentido, mesmo em recessão global do capitalismo em 2008, o continente africano passou por um bom crescimento econômico neste início do século. Existem alguns centros intermediários, porém, estão em maior evidência por serem polarizadores econômicos e culturais, três países na dianteira africana desse xadrez vestifaliano:


A África do Sul enquanto país de maior desenvolvimento econômico - o coração simbólico da África austral;


A Nigéria a oeste como gigante populacional, de alta exploração petrolífera e de influência a outras áreas ao seu redor;


E o Egito ao norte expressando uma liderança cambaleante, mas mantendo um domínio importante sobre as instalações petrolíferas do canal de Suez.


Por fim, qual será o caminho a seguir do continente ?


Veremos uma diversificação da economia dos diferentes países africanos para diminuir a dependência das exportações de matérias primas ? Será diversificado os investimentos urbanos para desconcentrar o êxodo rural vivenciado nas últimas décadas no continente ? Será este o papel da União Africana (2002)? Será que encaminhamos para dragões africanos como pinta a China ?


Será observado uma consolidação da democracia diferenciada nos países africanos ? Ou será que seguirá a instabilidade democrática dos países ao norte? Esses que após os eventos da primavera árabe (2011) entraram no que tem sido denominado de inverno árabe. Isto é, o retorno de antigos grupos depostos ou novas lideranças ditatoriais no poder.


Ou será superada as heranças coloniais, teremos a feitura de uma filosofia própria africana da multiciplidade de suas culturas que intervenha, responda efetivamente nas nuances complexas do mundo moderno ? 


Um caminho de dentro para fora talvez seja a rota para uma outra globalização. Quais modelos africanos serão incluídos, quais os caminhos alternativos seguir fora do desenvolvimento e "progresso" atuais, seguem sendo incógnitas-viáveis do continente.


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EsPCEx 2020 - Prova de Geografia -  Modelo E - Questão 29 

Gabarito: A

Incorretas:

III – Em sua maioria a população do continente africano vive em ambiente considerados rurais, cerca de 65%. Muitos países enfrentam um êxodo rural acelerado nas últimas décadas o que tem implicado num aumento de periferias nas áreas urbanas.

IV – A conhecida Primavera Árabe(2011) passa por um período de inverno árabe em que outros grupos ditatórias ou os antigos depostos reassumem o poder. É o caso do Egito com a família Al-Sisi que criou cláusulas constitucionais para expandir sua permanência até 2030. Assim, há sintomas autoritários enraizados e retrocessos democráticos nesses países.

Questão comentada: https://youtu.be/tZlHVVP45mA

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Fontes: 

CARTWRIGHT, M. Império de Gana. Disponível em:<<https://www.ancient.eu/trans/pt/1-11778/imperio-de-gana/>> Acesso dia 02 dez. 2020.

MARY, C. P. África: integração e fragmentação. In: HAESBAERT, R. (org). Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo. 2ed. Niterói, editora da UFF, 2013.

PALMARES. Diáspora africana. Disponível em:<< http://www.palmares.gov.br/?p=53464 >>Acesso dia 02 dez. 2020.

RANGEL, P. S. Apenas uma questão de cor? As teorias raciais dos séculos XIX e XX. In: Revista Simbiótica. vol.2, n.1, p.12-21. Espírito Santo, jun, 2015.

SARAIVA, J. F. S. A África na ordem internacional do século XXI: mudanças epidérmicas ou ensaios de autonomia decisória. In: Revista brasileira de política internacional. vol.51, n.1, p.84-104. Brasília, 2008.

UNESP. Disponível em: <<http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2b.htm>> Acesso dia 02 dez 2020.

sábado, 14 de novembro de 2020

Eleições Municipais 2020: cuidados necessários

Pega a visão ! 👁️👁️

O processo democrático brasileiro se encontrará em mais um grande momento neste domingo (15/11). Ocorrem as eleições municipais brasileiras de 2020, ainda em meio a pandemia. Então mantenha alguns cuidados quando e se for votar. Abaixo seguem algumas recomendações do Tribunal Superior Eleitoral:

O horário de votação foi ampliado, será das 7h às 17h. 
E das 7 às 10h  será reservado, preferencialmente, para pessoas idosas acima dos 60 anos, respeite;

Mantenha distância de 1 metro de outras pessoas;

Evite contatos com mesários e outras superfícies;

Evite pontos de aglomeração com outras pessoas;

Evite levar acompanhantes;

Álcool em gel (70%) será disponibilizado antes e após a votação para higienização;

Use máscara;

Não será permitido se alimentar, beber ou fazer outras atividades que exijam retirada da máscara nos locais de votação;

Evite colocar mãos nos olhos, boca e/ou nariz;

Leve sua própria caneta para assinar o caderno de votação;

Caso tenha febre e demais sintomas da Covid-19 ou tenha sido diagnosticado com Covid-19 nos últimos 14 dias, justifique posteriormente sua ausência;

Não haverá identificação biométrica, mas apresentação de documento oficial com foto à distância e assinatura do caderno de votação;

Caso exista dúvida de identificação o mesário poderá pedir, após um afastamento de dois passos, um breve abaixar da máscara; 

Exceto na impossibilidade de assinatura, será feito a coleta da impressão digital com uso da almofada para carimbo;

Nas eleições municipais você escolhe apenas dois possíveis representantes, vereador(a) e prefeito(a). Seja rápido e mantenha o fluxo na seção eleitoral;

Caso necessário, solicite o comprovante de votação antes de se dirigir a cabine de votação;

Para agilizar a justificativa em virtude da pandemia, o TSE criou o aplicativo e-Título. Neste app o eleitor poderá justificar sua ausência se estiver fora de seu domicílio eleitoral no dia da votação.  

Caso não tenha acesso a internet e/ou smartphone, deverá justificar em qualquer seção eleitoral.

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Fonte: TSE. Plano de segurança sanitária: eleições municipais de 2020. Brasília, 2020.
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Vote consciente, examine suas preferências e os projetos políticos dos candidatos e de seus partidos. Faça valer seus impostos numa boa administração pública. Tenha um bom voto !

#democracia #Brasil #TSE #vote #seguro #eleiçoes #municipais #pandemia #COVID19

domingo, 8 de novembro de 2020

Bioma Amazônia


O que é Bioma ?

Cabe-nos recordar o conceito de bioma, que pode ser definido como: “amplo conjunto de ecossistemas terrestres, caracterizado por tipos fisionômicos semelhantes de vegetação com diferentes tipos climáticos” (ACIESP,1987). No Brasil temos seis biomas caracterizados pelo IBGE por porcentagem de área do território: Amazônia (49%), Mata Atlântica (13%), Cerrado (24%), Caatinga (10%), Pantanal (2%), Pampas (2%). O bioma Amazônia compreende toda a floresta ecológica amazônica.

Imagem 1: Biomas brasileiras. (IBGE)



 Algumas delimitações e denominações da floresta:

    A maior floresta tropical contínua do mundo se estende por cerca de 50% da superfície da América do Sul, localizando-se em nove países que agrupam-se na denominada de Amazônia continental, internacional, região pan-amazônica (países abrigadores da floresta, hidrografia amazônica conforme um tratado de 1978) ou também conhecida Hiléia (“zona das selvas”). São eles:  Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil (em maior parte). Destaca-se ainda que também pode ser denominada como Paratininga e Paruaçu (em tupi), Guieni (em aruaque), de Mar Dulce, rio Orellana, San Francisco de Quito, Marañon e el rio de las Amazonas.

Imagem 2: Região da pan-amazônia representando as modificações no bioma de 1985 a 2018.(Mapbiomas, 2020)

        Já a chamada Amazônia brasileira segue semelhante ás áreas deste bioma no Brasil, delimitada pelos estados da época. Em parte o fragmentada atuação do estado na região, foi definida somente com o governo de Getúlio Vargas um certo planejamento regional de “conquista” do estado na área. Foi criado a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia em 1953 com o objetivo de coordenar planos governamentais. Contudo, há um aprimoramento dessa legislação para regulamentar políticas de soberania territorial e econômica com a criação da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) em 1966 no âmbito do regime militar. A região, assim, passou a ser reconhecida como Amazônia Legal. Extinta em 2001, foi recriada em 2007, e se adaptou às dinâmicas territoriais. Hoje ocupa cerca de 58% do território nacional, nos estados de MT, MA, PA, TO, AC, RR, AP, AM, RO; e conta com um Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) para seu desenvolvimento.

Imagem 3: Amazônia Legal.(IBGE)

Como é o Bioma Amazônia ?

    Um breve resumo do bioma é lembrar que a região é povoada por uma sociodiversidade e abriga também uma das maiores biodiversidade do mundo, formadas por milênios e em grande parte desconhecidos da ciência. 

O clima em maior parte é o Equatorial úmido (quente e úmido); 

Há grandes bacias hidrográficas, com destaque para a amazônica, a mais volumosa do mundo e 63% no Brasil; 

relevo com planícies e planaltos levemente ondulados, cercados como um anfiteatro; 

Os Solos em grande parte latossolos e argissolos, quimicamente mais ácidos, uma vez que foram "lavados" nos milhões de anos de sua existência. 

E como que comporta uma enorme biodiversidade ? 

A floresta está no clímax e faz uma reciclagem dos nutrientes pelas folhas, frutos, galhos, troncos, animais em decomposição sobre o solo e não do solo (também conhecida como serrapilheira) pelas extensa rede de raízes horizontais. Sua exposição por desmatamento, no entanto, aumenta a erosão superficial, aumenta a compactação por pisoteio de gado e elevam-se suas temperaturas. Fatores conjugados que levam a um maior liberação de dióxido de carbono para atmosfera.

A vegetação é heterogênea, densa, higrófila e ombrófila, latifoliada e perene. Marcada por três tipos de matas característicos: de igapó (molhadas), de várzea (períodos de cheias e secas) e de terra firme (não inunda). Há ainda pequenas campinaras, enclaves de caatingas, cerrados, formações pioneiras com influência fluvial e/ou marinha, refúgios montanos e savanas amazônicas. 

    Um dos problemas ao frágil equilíbrio amazônico nos últimos tempos é o desmatamento. Normalmente, ocasionada pela atuação de madeireiros, grileiros, agropecuaristas que colocam abaixo a floresta sem qualquer preocupação com as dinâmicas naturais, sua biodiversidade ou um uso sustentável da floresta. Estima-se que 20%  desse bioma foi alterado a partir da década de 1970. Na Amazônia brasileira avança o chamado arco e flecha do desmatamento, observe uma representação dessa trágica evolução abaixo:

Vídeo: Alterações no bioma Amazônia no Brasil de 1985 a 2018.(Mapbiomas, 2020)

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O que você pode fazer para ajudar a preservar a floresta amazônica ?

E, para você pesquisar, é o Bioma Amazônia o pulmão do mundo

Faça sua pesquisa, deixe seu comentário abaixo.

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EsPCEx 2020 - Questão 24)

A questão aborda o Bioma Amazônia, maior floresta tropical contínua do mundo e em maior parte no território brasileiro.

Incorretas:

I – O bioma está localizado em nove estados brasileiros: Acre (AC), Amazonas (AM), Amapá (AP), Maranhão (MA), Mato Grasso (MT), Pará (PA), Rondônia (RO), Roraima (RR) e Tocantins (TO). Não abrange, portanto, o estado de Mato Grosso do Sul (MS), como afirma a alternativa.

III – Os solos da exuberante floresta amazônica são, em maioria, ácidos. Possuem idade geológica avançada e foram quimicamente lavados, exceto no sopé dos Andes. Razão pela qual seu desmatamento é também nocivo para o empobrecimento dos solos. A vegetação, por outro lado, realiza uma alta reciclagem dos nutrientes de folhas, frutos e animais sobre o solo e não do solo. 

Gabarito: D


Saiba mais: https://youtu.be/QOQ_k9BtPKA


Fonte: ACIESP. Glossário de Ecologia. São Paulo:CNDCT/ FAPESP: Secretaria da Ciência e Tecnologia, 1987.

Biomas brasileiros. IBGE educa jovens. Disponível em:< https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/territorio/18307-biomas-brasileiros.html> Acesso dia 08 nov. 2020.

FILHO, J. M. Livro de ouro da Amazônia.5ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

Geociências. IBGE atualiza mapa da Amazônia Legal. Agência IBGE. 29 jun. 2020. Disponível em:<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28089-ibge-atualiza-mapa-da-amazonia-legal>. Acesso dia 06 nov. 2020.

Mapbiomas, 2020.Disponpivel em:<https://mapbiomas.org/>. Acesso dia 08 nov. 2020.



quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Geopolítica na América do Sul segundo Mário Travassos

Qual a geopolítica do Brasil na América do Sul ? 

    Existem algumas geopolíticas na América do Sul, veremos a instrumentalização do espaço geográfico pelo Estado-nação ou a geopolítica brasileira pensada pelo Capitão do Exército Brasileiro, Mário Travassos, na obra: "Projeção Continental do Brasil" (1935). Obra muito desenhada na América do Sul ultimamente e assunto abordado na prova da EsPCEx 2020.

    Vale recordar nessa livro algumas referências geopolíticas. Primeiro, ele traz o pensamentos do geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844 – 1904) no que concerne a importância fisiográfica e antropogeográfica na organização determinante do território com redes de comunicação e transportes. Ainda traz referências ao geógrafo e diplomata inglês Halford Mackinder (1861-1947) no conceito de Heartland (“coração da terra”) em relação ao poder marítimo britânico e o poder terrestre que observava no domínio estratégico do centro euroasiático.

    Resumidamente a obra aplica um Heartland sul-americano localizado no centro geoestratégico boliviano. É o local entre os Andes, a bacia platina e a amazônica. Diz que a relação do Brasil com a América do Sul é indissociável, está caracterizada por antagonismos geográficos regionalizados entre o Pacífico/Andes e o Atlântico; e este, por sua vez, dividido entre a Bacia do Prata e a Bacia Amazônica. Na região pacífico/andina houve um isolamento marítimo relativo, produção e comunicação com característica montanhosa, uma mentalidade mineira e tendências estáticas; enquanto na região atlântica, existiram mais contatos com outras civilizações pelo mar, uma mentalidade agrícola desenvolvida e relações sociais mais dinâmicas constituídas.

Heartland da América do Sul segundo Travassos (Imagem: autor)

    O Brasil, por sua vez, deveria ficar alerta com o expansão da rede ferroviária argentina da bacia platina até o altiplano e planícies bolivianas, numa possível restauração do vice-reinado do Rio da Prata. Para evitar isso, deveria fazer uma articulação dos recursos centrais do Heartland em ligações longitudinais até a Bolívia e ao Paraguai. Coisas que foram concretizadas em meados do século XX em diante por rodovias e ferrovias, a capital no interior (Brasília), pela Usina Hidrelétricas de Itaipu (70) e o Gasoduto Brasil-Bolívia (90).

    Nesse sentido, o Brasil segundo Travassos é um hegemon benevolente nas forças dissonantes no sul-atlântico. E deveria buscar caminhos para integrar o Centro-Oeste por possíveis influências yankee (Bacia do Madalena - COL e Fordlândia – AM/BRA) e argentina nos pontos de instabilidades a noroeste sul-americano e no Uruguai. Deveria construir ligações longitudinais, verdadeiras soldaduras artificiais do porto de Santos, rede paulista a ferrovia Noroeste ou por hidrovias da bacia amazônica.

Fonte: ALBUQUERQUE, E. S. de. 80 anos da obra projeção continental do Brasil, de Mário Travassos. Revista do Departamento de Geografia. v.29, p.59-78, 2015.

BECKER, B. A geopolítica na virada do milênio: logística e desenvolvimento sustentável. In: CASTRO, I, et all (orgs). Geografia: conceitos e temas. 2ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

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EsPCEx 2020

32) Gabarito: E

Todas as alternativas estão corretas.

(Fonte: Autor)


Por: CYPRIANO, K.M.P. Geopolítica na América do Sul segundo Mário Travassos. 2020

sábado, 24 de outubro de 2020

Território Brasileiro: Fronteiras

Quais são as fronteiras do território brasileiro ?


Primeiros devemos lembrar do conceito de território. Resumidamente, é o espaço político com domínio de alguns ou alguém. Não é fixo mas encontra-se em constante dinâmica de territorialidades. A sua casa é um exemplo, quem manda? Pode ser seus pais, parentes, você ou todos juntos.   No sua rua, bairro ou comunidade também, quem está no comando? No município, estado e país idem, quem está no controle do espaço nacional ?


Identificado isso, nós temos hoje a nossa República Federativa do Brasil. O Estado-nação brasileiro que entra na modernidade das existências legais dos estados somente no séc. XIX (Independência em 1822, República em 1889). 


Está localizado ao Ocidente de Greenwich, maior parte ao sul da linha do Equador e na chamada zona intertropical. Em quantidade de terras descontínuas, somos o quinto país mais extenso do mundo. Considerado país equidistante por que tem 4394,7 Km (N-S) do Monte Caburaí (RO) ao Arroio Chuí (RS) e (L-O) 4319,4 Km da Ponta de Seixas (PB) a serra de Contamana (AC).


Agora, o Brasil já nasceu com esse tamanho territorial ?


Não! Tivemos confrontos, extermínios, resistências, miscigenação étnicas até a atual formação territorial. Desde a colonização do litoral pelos portugueses (XVI) passamos por cinco séculos com bandeirantismo; ocupação na Amazônia; escravização indígena; plantations açucareiras e algodoeira com mdo de escravos africanos; mineração; fazendas de gado; cafezais; imigrações, urbanização e industrialização. 


Diversas territorializações com essas dinâmicas econômicas foram materializadas no território nacional. Houve uma expansão das fronteiras do estado brasileiro rumo a oeste até a que temos hoje. Passando por tratados internacionais de reconhecimento externo, como o Tratado de Tordesilhas (1494); Tratado de Madri (1750) e outros tratados bilaterais ou de arbitragem externa entre o fim do Império e o começo da República brasileira. Por ordem cronológica: Guerra da Cisplatina (1828); Guerra do Paraguai (1872); Questão de Palmas (1895); Questão do Amapá (1900); Questão do Acre/Tratado de Petrópolis (1903); Questão do Pirara (1904); Tratado de Bogotá (1907). 


Ufa !


Eis a epiderme do estado brasileiro tal como é reconhecida hoje. Possui fronteiras terrestres com quase todos os países da América do Sul, exceto Chile e Equador e nenhum confronto em aberto. Além disso, possui fronteiras marítimas, totalizando algo em torno de 23086 Km de fronteiras. 


Embora não tenha confrontos nessas fronteiras, possui políticas de controle para estabelecer uma soberania brasileira. Vale lembrar que esta soberania não se limita a superfície terrestre, mas igualmente no subsolo, espaço aéreo e mar territorial desta região. Assim, depreende-se pelo Estado, muito pelas forças armadas, políticas de soberania e segurança nacionais. Podem ser destacadas na fronteira terrestre:


Faixa de Fronteira - É uma linha criada para a segurança nacional(1955) na extensão interna de cerca 150 Km de largura (CF37), paralela aos mais de 15 mil Km de fronteiras terrestres. As atividade empreendidas nessas áreas somente poderão ser feitas com autorização federal, normatizadas na região pela Lei 6634, de 2 de maio de 1979. É dividida por causa da identidade cultural e base produtiva em três arcos: Norte (indígena), Central (latifúndios) e Sul (mais povoada).



(INCRA, 2005)


Projeto Calha Norte - Projeto elaborado pelos militares e efetivado em 1985, denominado "desenvolvimento e segurança ao norte das calhas dos rios Solimões e Amazonas", é, como foi reconhecido, o Projeto Calha Norte. Neste projeto ficou orientado a proteção de área de incursões de redes de narcotráfico e a agentes estrangeiros em missões com índios. A área é considerada relativamente despovoada e vai de Tabatinga (AM) a foz do rio Oiapoque. Ressalta-se ainda que o projeto foi "revitalizado" em 2000 com construção de quartéis, estradas e melhorias sociais para aldeias indígenas.


Projeto Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) - criado para proteger a Amazônia Legal (AC, AP, AM, RR, RO, PA, MA, TO, MT)e gerar bases para o seu desenvolvimento. Dentro deste temos o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) que procurou técnicas modernas de processamento de dados, recursos computadorizados como o sensoriamento remoto, radares, satélites integrados com meios de comunicação e centros de coordenação da vigilância em Brasília, Belém, Manaus e Porto Velho, em vigor em 1997. 


Esses sistemas procuram reduzir atividades ilegais (biopirataria, narcotráfico, invasão de terras indígenas) e oferecer maior proteção ambiental na floresta Amazônica.


Projeto Radambrasil - criado em 1970 tem como objetivo detalhar a geologia, os solos, o relevo e a cartografar a Amazônia e o Nordeste brasileiro. Para tal, utiliza sensoriamento remoto e aerofotografia. Observa-se que o projeto foi expandido para todo o Brasil em 1975 passando ter o nome atual. Antes era somente denominado Radar Amazônico.


Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras (SISFRON) - Demandada e embasada legalmente pelo Estado, com prioridades geopolítica na região amazônica e gerido pelo Exército, é um "sistema integrado de sensoriamento, de apoio à decisão e de emprego operacional cujo propósito é fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira".


Possui quatro subsistemas - defesa, desenvolvimento econômico, segurança e desenvolvimento social. E tem como objetivo "fortalecer a presença e a capacidade de monitoramento e de ação do Estado na faixa de fronteira terrestre, potencializando a atuação dos entes governamentais com responsabilidades sobre a área", feita para ser a maior sistema de monitoramento já existente. 


Atualmente, no entanto, encontra-se em fase piloto e espera-se a integração, ajuda com programas similares como o SIPAM/SIVAM, SISDABRA, SisGAAz, ICMbio. 


Poderá ser totalmente entregue apenas em 2065 devido a problemas orçamentários, ano em que suas tecnologias já estarão obsoletas. A importância no combate ao tráfico de armas, drogas, evasão de divisas, exploração sexual, abigeato, biopirataria, entre outros, demonstram certa urgência e as crises atuais (política e econômica) revelam certa fragilidades da aplicação desse sistema.

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Já dentro do território brasileiro temos certas territorialidades dinâmicas e próprias em demanda na linha histórica dos acontecimentos. Temos culturas diferentes dentro de registros legais incoerentes com seus modos de vida.  Daí conflitos permanentes em áreas coabitadas ou de interesses sobrepostos. Uma vez em prática a Marcha para o Oeste brasileira, será necessário a demarcação de terras estratégica e para a sobrevivência dessa sociodiversidade.  As chamadas Terras Indígenas (TI) dos diversos povos tradicionais levarão da década de 1910 (SPI) a 1960 (FUNAI) para serem reconhecidas pelo Estado como uma propriedade social. Na CF88 ficará expresso as modalidades desses direitos já colocadas na CF34 e no Estatuto do Índio. Também ficou na carta magna cidadã, pela primeira vez no Brasil, as Terras Quilombolas, o reconhecimento da categoria de "remanescentes das comunidades dos quilombos". Locais de etnogênese, refúgio, resistência no interior da colônia brasileira de populações africanas ou de aquilombamento de engenhos decadentes no período escravocrata e amargo do ciclo do açúcar em diante. Sendo a primeira a ser regulamentada por esse regime da CF88 a Comunidade Boa Vista, em Oriximiná (1995, PA).

(Fonte: ISA, 2019)



Além disso, temos ainda as territorializações dos movimentos ambientalistas nas últimas cinco décadas e o movimento dos extrativistas por reconhecimento e normatização dos usos de suas reservas. Ademais, temos os navios e as bases na Antártida como lugares de soberania nacional ainda que fora do território nacional.


Por fim, temos as fronteiras marítimas que estendem-se desde a foz do rio Oiapoque até a barra do arroio Chuí. Também servem para garantir a soberania em exploração, conservação e gestão dos recursos naturais. Para regulação das faixas litorâneas temos um tratado internacional - a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM, 1982; em vigor, 1994). Segundo o tratado, o Brasil tem direito de soberania, controle sobre o espaço aéreo e o subsolo dessas águas na faixa, denominada mar territorial (12 milhas além das costas = 21,6 Km).


E ainda estabeleceu uma faixa de 200 milhas marítimas (370 Km) a partir do mar territorial e ilhas oceânicas devidamente ocupadas uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Nesse espaço, todos os recursos do mar podem ser explorados pelo Brasil.


Uma regulamentação recente dessa região marítima é o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz, 2014). Ainda em fase inicial o projeto visa monitorar todas as chamadas Águas Jurisdicionais Brasileiras. Tanto as áreas em reconhecidas pelo tratado, as bacias hidrográficas, quanto a plataforma continental e a área de busca e salvamento (SAR) no Atlântico Sul.

(Fonte: autor)


EsPCEx 2020 – Prova de Geografia - Modelo E – Gabarito Comentado

Link para prova: http://www.espcex.eb.mil.br/downloads/2_dia_de_prova_Mod_E_2020.pdf

Questão 21)

A questão aborda as regulamentações da fronteira brasileira.

Alternativas Incorretas:

II – A Constituição Federal de 1988 não proibiu, pelo contrário, reconheceu os direitos dos povos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Ainda que essas estejam na faixa de fronteiras nacionais, busca-se delimitar as Terras Indígenas (TIs) como é o caso da Terra Indígena Yanomami entre as divisas de Roraima, Amazonas e Venezuela.

IV – A faixa de fronteira do Brasil foi criada por lei em 1979 para buscar regulamentar a extensa fronteira brasileira (mais de 15 mil Km) com os países da América do Sul. Ela possui uma largura de cerca de 150km e não 100km como informa a alternativa.

Gabarito: 
B

 - - -

Saiba mais: https://youtu.be/vNqlSqwuns8

Link para acesso de imagens:
https://pib.socioambiental.org/pt/Localiza%C3%A7%C3%A3o_e_extens%C3%A3o_das_TIs

Fonte para citações: CYPRIANO, K.M.C.P., 2020.


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O que são os domínios morfoclimáticos ?

Domina essa ae !

Os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos ou potencialidades paisagísticas do Brasil são " um conjunto espacial de certa ordem de grandeza territorial(...) onde haja um esquema coerente de feições de relevo, tipos de solos, formas de vegetação e condições climáto-hidrológicas. Quem a formulou foi o geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab'Sáber em 1965.

São seis grandes domínios brasileiros mais faixas de transição. São espécies de masaicos paisagístico de feições diferenciadas. São elas:

1 -  Amazônico - Presente no norte brasileiro, praticamente na floresta amazônica. Maior floresta tropical contínua do planeta e uma alta biodiversidade. Clima equatorial ou equatorial úmido - quente e úmido, de planícies e planaltos com baixas ondulações. Cercada numa espécie de anfiteatro. Dentro os vários solos da região, podemos destacar a presença de latossolos e argissolos mais ácidos. Há uma alta ciclagem dos nutrientes da floresta amazônica pela própria floresta, que vive no clímax. A vegetação característica são as matas de Igapó, várzea, terra firme e, em geral, ombrófila e latifoliada. Especificando os tipos de rio da hidrografia, temos rios com drenagem constante, perenes.

Os desmatamentos tem sido severos e drásticos na região. Temos o chamado arco e flecha do desmatamento. Quais as soluções para enfrentar essa prática você pode elencar?

Outro problemática é a floresta amazônica ser considerada o pulmão do mundo ? É um mito ou verdade. Quais os interesses globais e brasileiro nesse território?
Compartilhe abaixo.

2 - Mares de Morros - Ocorre na extensão litorânea brasileira do Rio Grande do Sul a Rio Grande do Norte. Possui também um clima tropical litorâneo, quente e úmido. Já relevo é característico desse domínio, são planícies e os planaltos altamente intemperizados, formam os "mares de morros". Os solos serão serão os latossolos e "massapê" (onde amassa o pé, nome popular para um tipo de solo mais argiloso)um pouco mais férteis. Vegetação adaptada a chuva e com folhas largas e verdes. Os rios serão de drenagem constante, ou seja, perenes.

Este domínio foi muito modificado pela ocupação portuguesa. Houve a retirada do pau-brasil, as plantations canavieiras, as grandes fazendas de café e, hoje, a modificação urbano-industrial. A vegetação floresta tropical pluvial, conhecida por Mata Atlântica, cobria cerca de 95% da região. Restando, atualmente, entre 8-12% da Mata entre serras e encostas íngremes.

3 - Caatinga - Domínio azonal, situado com um clima semiárido no nordeste brasileiro. Relevo de planaltos e depressões, formando os planaltos residuais, conhecidos como inselbergs. Pela escassez e irregularidade das chuvas, possui um solo pouco desenvolvido. Será compacto e mais arenoso - chamado, respectivamente, de vertissolo e aridissolo. A vegetação é até diversa, mas adaptada à seca (xerófilas - ex.:cactáceas). Os rios dessa região serão intermitentes (períodos do ano) e temporários (só quando chove).

Há ainda na região espécie de brejos nas áreas onde ocorrem chuvas orográficas. Propícias à fruticultura. Já nas regiões de severas secas, assola uma desertificação na região.

4 - Cerrado - Ocorrem no CO brasileiro. Domínio de clima tropical, quente com períodos úmidos e secos. Possuem relevos de planaltos e chapadões. Os solos serão latossolos e espondossolos mais ácidos e bem laterizados. Árvores e arbustos coexistem com uma vegetação rasteira, do tipo esclerófila e tropófila. Há nascentes de rios importantes na região, que serão perenes também.

Os incêndios serão um elemento comum do ecossistema, que pode ser agravado por ações humanas. Uma vez que há um expansão da monocultura da soja nesta região.

 Abriga também as chamadas veredas em meio ao sertões. Local de abrigo e refúgio de espécies da fauna.

5 - Araucárias - Domínio que ocupa os planaltos basáltica meridionais brasileiros. De clima subtropical, é mais frio e com ocorrência de chuvas mais brandas. O solo será do tipo latossolo mais fértil e podemos destacar neossolos. A vegetação característica do domínio são os aciculifoliadas e arbóreas. Os pinhais, por exemplo, com predomínio das araucárias. Os rios serão perenes nessa região devido a chuvas constantes.

Destacam-se que a região também vem passando por desmatamentos para a indústria de celulose e para agricultura.

6 - Pradarias - No estado Rio Grande do Sul brasileiro, passando para Uruguai e Argentina, nos temos o domínio das planícies subtropicais das pradarias ou pampas. De clima subtropical (chuvas brandas e mais frio), apresenta um relevo suavemente ondulado por "coxilhas". Apresenta um solo fértil de argissolos e chermossolos e vegetação rasteira de gramíneas e arbustiva. Os rios serão sempre perenes também.

Destacam-se a pecuária extensiva e a monocultura como principais alterações no domínio.

Além destes, temos regiões de transição onde não há uma dominância única, há mais de uma.  O Pantanal e a Mata de Cocais são exemplares. No primeiro há uma mescla do Amazônico nas áreas alagadas da bacia do rio Paraguai e nas elevadas há vegetação característica do cerrado. Já no segundo há uma mistura de Amazônico, Cerrado, Caatinga com um presença das plantas oleaginosas.


(Imagem: autor )


Para mais, acesse: https://youtu.be/zYnu6t-hLSU

Fonte: CYPRIANO, K.M.P.,2020.

sábado, 19 de setembro de 2020

Climas do Brasil

Primeiro passo é identificarmos o que é clima. 


Como está o clima aí onde você mora ?

O clima tá pesado ? Perigoso ?

O clima é um dia chuvoso apenas?


Não estamos falando do clima do ambiente social que vive nem do estado momentâneo da atmosfera (tempo). O clima que estamos falando refere-se a verificações contínuas de características atmosféricas. Com um recorte de 30 anos de dados, tais como: temperatura, chuvas e umidade da atmosfera, podemos designar padrões climáticos. 


Há diferentes formas de classificar o clima. E enquanto não é feita uma brasileira, destacam-se duas mais famosas. Temos a de Koppën (pioneira, é mais específica e utilizada pelo IBGE) e a de Strahler (baseada na dinâmica atmosférica, massas de ar e precipitações e mais comum nas provas brasileiras).


Então é desta última que mastigaremos os climas no Brasil. Pega a visão: 


Sabemos que o território brasileiro está localizado em cerca de 92%  na região intertropical. Isto é: de Norte ao Sul atravessa a linha do latitudinal que recebe mais raios solares (L. Equador), ultrapassa o Trópico de Capricórnio, até o Rio Grande do Sul encontrar o Uruguai. 


Assim sendo, o Brasil vai receber a influência das massas de ar próximas dessas regiões. Vale lembrar que são cinco (mPa, mTa, mTc, mEa, mEc) grandes massas de ar (porções da atm carregadas dos atributos de onde são formadas) que atuam no território brasileiro. Além dos fatores climáticos, temos dessa combinação sete climas brasileiros, conforme Strahler. Somadas contribuições, são eles:

(Fonte: autor com base em Strahler)

1 - Equatorial úmido: próximo a Linha do Equador, com predomínio da mEc no verão, e ainda da mEa, está praticamente na área da Floresta Amazônica. Temos aqui uma temperatura constantemente alta e elevados índices de chuva e umidade. Em laranja no mapa - Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, parte do Pará, Maranhão, Roraima e Mato Grosso).


2 - Equatorial semiúmido: variação das massas de ar do clima Equatorial úmido em virtude das modificações do relevo(planalto das guianas). Ocorre por isso um menor volume de chuvas. Em vermelho no mapa - parte de Roraima e Pará.


3 - Tropical: ocupa todo o planalto central estendendo-se a SE e NE do território. Há  um predomínio da mTc entre abril e setembro (período de estiagem - seco) e atuação da mEc e mTa levando umidade a essas regiões. Temos assim um temperatura quente, com duas estações bem definida entre seca e mais úmida.

Em azul claro do mapa - Goiás, Tocantins, Brasília, parte do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais.


4 - Tropical de altitude: variação do clima tropical com interferência dos planaltos centrais e as serras do SE (serras Mar e Mantiqueira). As médias térmicas serão mais amenas pelo fator da altitude (abaixo dos 18°C). Em azul escuro no mapa - parte do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul.


5 - Tropical litorâneo: também é uma variação do clima tropical por causa da maritimidade e da mTa ao longo da faixa atlântica do litoral brasileiro. Assim há uma elevação das temperaturas e uma maior umidade. As chuvas ficam intensas de março a agosto no NE e de dezembro a março no SE. Em rosa no mapa, ocorre do litoral de Rio Grande do Norte ao de São Paulo.


6 - Subtropical: ao sul do Trópico de Capricórnio, em parte planalto meridional, praticamente na região sul brasileira temos um clima de predomínio da mPa. Ocorre aqui mais frentes frias, que provocam chuvas constantes, baixas temperaturas. Possui um verão suave e durante o inverno podemos observar geadas e precipitações de neve.


7 - Semiárido: localizado praticamente no chamado polígono das secas, conhecido como sertão nordestino, caracteriza-se pela escassez de chuva. A mTa, mEa não conseguem atuar na região. Somente chuvas bem sazonais(irregulares) ocorrem na região e, por vezes, não ocorrem. Com isso, as médias térmicas serão elevadas, o ambiente será mais seco e haverá também um alta amplitude térmica no local. 


São esses nossos climas segundo o Strahler. Lembrando que os climas podem variar conforme as mudanças climáticas forem mitigadas ou alterações alterações persistirem. 


 Fonte: CYPRIANO, K.M.P.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O Ciclo das Rochas

As rochas são agregados consolidados de minerais (átomos microscópicos organizados, homogêneos, inorgânicos, cristalizados → sólidos simétricos) oriundos de diversos processos da dinâmica terrestre. Elas estão em constantes transformações, tanto interna quanto externamente acompanham a dinâmica da natureza da Terra. É como nos lembra o químico A. Lavoisier: "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", assim também ocorre com esses elementos mais duros da natureza, as rochas. Em variantes temporais de milhares de anos ou em curtas atividades tectônicas, vulcânicas, temos o ciclo das rochas.


Apesar disso tudo, vamos com calma ! São bem simples. Você, provavelmente, já esteve em contato com algumas dessas rochas comuns em muitas residências. 


Existem três principais tipos:


  1. As rochas ígneas ou magmáticas

Onde tudo começou em relação às rochas e de onde, em grande parte, outras derivam. São as rochas oriundas do fogo (ignis) ou do material magmático extravasado do interior da Terra. Quando chegam na superfície, logo esfriam, formando um tipo de rocha - no caso, basáltica. Ou ainda podem esfriar mais lentamente no interior da crosta terrestre (continental ou oceânica) formando os granitos (uma rocha ígnea intrusiva). 


Então, elas podem seguir dois caminhos no ciclo, ou se transformar em rochas metamórficas ou sedimentares.


Para as rochas metamórficas, elas sofrem um processo chamado de metamorfismo. 

Fácil, não? Bem, nem tanto assim! Vamos lá:

O processo de metamorfismo é a mudança externa ou interna na crosta terrestre de rochas submetidas a pressão e temperatura  diferentes do seu estado de formação. Geram com isso outras rochas a partir do rocha matriz (protolito). Mudam nesse processo de estrutura e textura.

Enquanto que para as rochas sedimentares ocorrem alguns processos a mais, até possivelmente gerar uma nova rocha. Das rochas ígneas até às sedimentares ocorrem o Intemperismo - desagregação da rocha, Erosão - agentes do movimento dos detritos, Transporte - meios como água, gelo, vento que encaminham a erosão, Deposição  - assentamento dos grãos, Diagênese - mudança em adaptação a novas condições físicas e químicas, e Litificação - consolidação da rocha.


  1. As rochas metamórficas

Estas são oriundas do processo de metamorfismo acima descrito. Podem vir de rochas ígneas, sedimentares ou mesmo de outras metamórficas. Elas mudam quando é alterado as condições físicas e químicas de sua origem, sendo menos densas que as ígneas e mais que as sedimentares. Normalmente, explicam eventos tectônicas do passado. 

Como exemplo, temos o mármore ou a árdosia (é aquela rocha cinza presente em muitos quintais ou calçadas no SE brasileiro).

No ciclo podem ser transformadas em sedimentares por meio dos mesmos processos (I, E, T, D, D, L) descritos nas Ígneas. Ou ainda podem ser refundidas em magmas, processo denominada anatexia. Assim, os elementos reconfiguram em outra rocha ígnea mais tarde a partir dos constantes movimentos das placas tectônicas vivenciados.


  1. As rochas sedimentares

Por fim e não menos importante, temos as rochas formadas a partir de pequeníssimos fragmentos ou pedaços maiores de rochas. As rochas sedimentares podem estar separadas (clásticos) como na areia de praias ou nas lamas dos manguezais, em suspensão atmosférica (nas nuvens) ou, enfim, litificadas (consolidadas em rocha).

Elas são os produtos na superfície terrestre do desgaste de qualquer outra rocha, inclusive de outras sedimentares. E pelo processo de metamorfismo, podem ser transformadas em rochas metamórficas. Passam pelos processos acima descritos de I, E, T, D, D, L.

Formam cerca de 75% da exposição superficial rochosa da Terra, embora não sejam a maior em quantidades totais (apenas 5%).

Contêm normalmente matérias de origem orgânica (restos de vegetais, animais). Estes geram intenso interesse econômico atualmente, sobretudo por causa do petróleo, gás natural e carvão mineral contidos nos locais de deposição dos sedimentos, chamados de bacias sedimentares. Vale destacar também que são os locais onde são encontrados os fósseis, os vestígios de seres vivos que servem para compreender a origem e a evolução da vida.

Como exemplo do tipo sedimentar, temos o arenito e o calcário. Destacam-se por serem mais porosas do que as demais rochas, assim como menos resistentes.

(Resumo esquemático do autor)

Eis portanto o ciclo existente há muito anos. Por vezes imperceptível ao olhar existencial humano, mas comum na evolução geológica das crostas da Terra.

(Fonte: CYPRIANO, K.M.P., 2020)

sábado, 15 de agosto de 2020

Impactos Ambientais: Ilhas de calor | Inversão térmica | Chuva ácida | Lixo

Os impactos ambientais em microescala geográfica são constantemente observados, pois fazem parte do cotidiano das cidades. Se você vive em algum centro urbano, é possível que você já tenha sentido algum desses abaixo:

Inversão térmica: É um acontecimento natural da circulação do ar, pois o ar frio, denso que chegue a qualquer momento ficará para baixo do quente. Contudo nos centros urbanos e industrializados, uma camada de poluentes impedirá o ar quente circule para as camada mais frias, permanecendo frio por um período maior que o normal. Provoca, assim, uma concentração de moléculas de poluentes que agravam irritações respiratórias. É normalmente observado no início da manhã em períodos do inverno.

Ilha de calor: É a elevação da temperatura nos grandes centros urbanizados. Ocorre sobre grandes cidades, que têm os solos impermeabilizados pelo asfalto e carros que emitem poluentes tóxicos. Onde possuem concentração de grandes prédios de concreto e a ausência de áreas verdes. Tais condições que dificultam a dispersão de calor. Nesses locais, portanto, a temperatura média é de 3 a 10°C maior que as áreas vizinhas

Chuva ácida: Pela emissão de poluentes ácidos por indústrias, carros, termelétricas, etc., para a atmosfera. Ocorrendo uma foto-oxidação com a água presente nas nuvens e precipitando uma chuva com o ph ácido (abaixo de 7) na própria área e nas áreas ao redor. Destrói plantações e edifícios, acidifica lagos e altera ecossistemas, além de um risco a saúde humana.

O alto consumo dos centros urbanos, nos fazem pensar sobre os resíduos não aproveitados. Para onde vai o seu lixo?  Os lixões são locais onde eram despejados os lixos sem o menor tratamento. A incineração é a própria queima do lixo, mas gera gases poluentes que devem ser tratados. A compostagem é separação de material orgânico, colocado para sofrer uma degradação biológica mais rápida; servindo como adubo. Um dos locais mais buscados para destino dos lixos são os aterros sanitários. É um espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana, provenientes de residências, indústrias, hospitais, construções. Consiste em camadas alternadas de lixo e terra que evita mau cheiro e a proliferação de animais.  Coleta-se os líquidos e gases, que por sua vez podem ser reciclados ou mitigar ao máximo seus impactos ambientais.

Fonte: Cypriano, K. M. P.

Para entender os fenômenos, acesse: https://youtu.be/c6c5JYwYAB0 e https://youtu.be/K8HU1q16Df0