Qual a geopolítica do Brasil na América do Sul ?
Existem algumas geopolíticas na América do Sul, veremos a instrumentalização do espaço geográfico pelo Estado-nação ou a geopolítica brasileira pensada pelo Capitão do Exército Brasileiro, Mário Travassos, na obra: "Projeção Continental do Brasil" (1935). Obra muito desenhada na América do Sul ultimamente e assunto abordado na prova da EsPCEx 2020.
Vale recordar nessa livro algumas referências geopolíticas. Primeiro, ele
traz o pensamentos do geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844 – 1904) no que
concerne a importância fisiográfica e antropogeográfica na organização
determinante do território com redes de comunicação e transportes. Ainda traz
referências ao geógrafo e diplomata inglês Halford Mackinder (1861-1947) no
conceito de Heartland (“coração
da terra”) em relação ao poder marítimo britânico e o poder terrestre que
observava no domínio estratégico do centro euroasiático.
Resumidamente a obra
aplica um Heartland sul-americano localizado no centro geoestratégico boliviano. É o local entre os Andes, a bacia platina e a amazônica. Diz que a relação do Brasil com
a América do Sul é indissociável, está caracterizada por antagonismos geográficos
regionalizados entre o Pacífico/Andes e o Atlântico; e este, por sua vez,
dividido entre a Bacia do Prata e a Bacia Amazônica. Na região pacífico/andina
houve um isolamento marítimo relativo, produção e comunicação com
característica montanhosa, uma mentalidade mineira e tendências estáticas;
enquanto na região atlântica, existiram mais contatos com outras civilizações
pelo mar, uma mentalidade agrícola desenvolvida e relações sociais mais dinâmicas constituídas.
O Brasil, por sua vez,
deveria ficar alerta com o expansão da rede ferroviária argentina da bacia platina
até o altiplano e planícies bolivianas, numa possível restauração do
vice-reinado do Rio da Prata. Para evitar isso, deveria fazer uma articulação dos recursos centrais do Heartland em
ligações longitudinais até a Bolívia e ao Paraguai. Coisas que foram
concretizadas em meados do século XX em diante por rodovias e ferrovias, a capital no interior (Brasília), pela Usina Hidrelétricas de Itaipu (70)
e o Gasoduto Brasil-Bolívia (90).
Nesse sentido, o Brasil segundo Travassos é um hegemon benevolente nas forças dissonantes no sul-atlântico. E deveria buscar caminhos para integrar o Centro-Oeste por possíveis influências yankee (Bacia do Madalena - COL e Fordlândia – AM/BRA) e argentina nos pontos de instabilidades a noroeste sul-americano e no Uruguai. Deveria construir ligações longitudinais, verdadeiras soldaduras artificiais do porto de Santos, rede paulista a ferrovia Noroeste ou por hidrovias da bacia amazônica.
Fonte: ALBUQUERQUE, E.
S. de. 80 anos da obra projeção continental do Brasil, de Mário Travassos. Revista do Departamento de Geografia.
v.29, p.59-78, 2015.
BECKER, B. A geopolítica na virada do milênio: logística e desenvolvimento sustentável. In: CASTRO, I, et all (orgs). Geografia: conceitos e temas. 2ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
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EsPCEx 2020
32) Gabarito: E
Todas as alternativas estão corretas.
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