Para você ter uma noção deste conflito no Oriente Médio, podemos comparar como algo bem pior do que uma
rivalidade entre flamenguistas e vascaíno; entre palmeirenses e corintianos.
Multiplique essa tensão em dia de final de campeonato e, provavelmente,
chegaremos próximo de aferir. Mas cabe lembrar que, bem no fundo, aqueles povos
são irmãos, apesar de não se darem muito bem atualmente, possuem potencial para
paz.
Bom se quisermos pegar um exemplo do território pelo qual
estes dois povos rivalizam, podemos destacar a cidade de Jerusalém. A cidade é
histórica e sagrada para o cristianismo como você já deva ter escutado, foi o
lugar da Paixão de Cristo. Você lembra que Jesus Cristo veio entre o povo judeu
e, por sua vez, este povo compreende um sociedade com práticas religiosas próprias.
Então nesse lugar, os judeus possuem espaços que consideram sagrados desde a
indicação de Rei Davi ao que hoje restou no “muro das lamentações”, é então
território importante para o judaísmo. E ainda, temos na Jerusalém oriental a
Esplanada das Mesquitas, um terceiro lugar mais importante das atividades
islâmicas. Cada uma dentro de seus calendários, coabitam com diferentes
temporalidades esse mesmo espaço, o que o torna um caldeirão pipocando
confrontos.
Bom, mas o que explica os recentes conflitos em Gaza
pululantes nas imagens sangrentas e ensurdecedoras bombas captadas pelas mídias
alternativas?
Você
precisa entender o contexto do início do século XX: qual povo controlava aquela
região em que hoje se encontra esse espaço disputado?
Havia
um controle turco-otomano na região desde do século VII ao fins de XIX, que
legou a atual presença árabe por lá. Após isso, passou a coexistir um movimento
internacional judeu de retorno à pátria de seus ancestrais. Pelo movimento
Sionista, os judeus buscaram habitar novamente aquela região. O que somente se
intensificou com as Guerras Mundiais, sobretudo com a segunda. Nesta, como já
deva saber, ocorreu a ascensão do Nazismo na Alemanha; um movimento altamente
contrário aos judeus que os levou a um dos piores holocaustos da história, com
a morte nos campos de concentração desumanas de 6 milhões de judeus.
As
lideranças internacionais após a derrota Nazismo, se inclinaram as causas
israelenses, sendo favoráveis a criação de um Estado de Israel. Bom, e o local
para isso foram as terras da população árabe na Palestina. Por meio da
Organização das Nações Unidas (ONU), foi projetada a partilha da Palestina em
1947 em dois Estados independes: Israel e Palestina. Em 1948 foi oficializado e
retirada as tropas estrangeiras. No dia seguinte, instalou-se os primeiros
confrontos entre árabe e israelenses.
Isso
porque os países árabes vizinhos não curtiram muito a história dessa imposição
ocidental em terrenos considerados de domínio árabe. Os israelenses vencem esse
primeiro embate e os palestinos ficam sem Estado oficial. Os territórios de
Gaza e Cisjordânia ficaram sobre a tutela, respectivamente, de Egito e
Jordânia; os palestinos ficaram mais confinados em territórios separados; e
muitos preferiram abandonar suas casas e de refugiarem em outros países. Nasce
a Organização para a Libertação Palestina (OLP), uma frente de diversos grupo,
com destaque à liderança de Yasser Arafat. Começa aqui a diáspora palestina,
sob a expiação mundial dos eventos da segunda guerra. Vale apontar que, erro
não se corrige com erro.
Após
isso houveram diferentes acordos, conflitos, ataques, guerras dos diferentes
lados numa assimetria bélica que se estende até o nosso século XXI. Fazendo
parece o Shalom ou Salaam Aleikum distante desses irmãos.
1) Guerra
dos Seis Dias – Confronto entre países árabes contra Israel. O estado judeu
vence em seis dias e amplia consideravelmente seu território em 1967. A partir
daí também, é intensificada ações terroristas feitas pela OLP.
2) Guerra
do Yom Kippur – foi um ataque surpresa feito por árabes em outubro de 1973 no
“Dia do Perdão”, uma das datas mais importantes do calendário judaico. Em vinte
dias com ajudas externas, Israel vence novamente.
3) Acordo
de Camp David – Um novo presidente (Anuar Sadat) do Egito percebe que não
conseguiria alcançar paz pela via militar e procura aproximação dos EUA para
mediar uma diplomacia da paz com Israel. Em 1979 no território estadunidense de
Camp David, Israel concorda em devolver a península do Sinai ao Egito e o país dos
faraós reconhece politicamente Israel. Selam com um pacto de não agressão mútua
e marcam a história. Foi o primeiro presidente a levar um país árabe a
reconhecer o Estado judeu. Fato este que o levou a um assassinato por
extremistas em 1981 no Cairo.
4) Israel
invade o Líbano em 1982 atrás de bases de treinamento da OLP. Surge o grupo
Hezbollah no Líbano em parceria com o lideranças iranianas.
5) Acordo
de Oslo – Entendo mudanças no cenário político do Oriente Médio, a OLP se
tornou uma organização política aberta a negociações para a construção do
Estado Palestino ao fim da década de 1980. O que levou ao encontro das
lideranças palestinas e israelenses em Oslo (Noruega) mediadas por Bill Clinton
(então presidente dos Estados Unidos da América) para uma um acordo de
reconhecimento recíproco, início da devolução aos palestinos de maior parte da
Faixa de Gaza e cidades da Cisjordânia. Concomitantemente foi criado a Autoridade
Nacional Palestina (ANP) sob a presidência de Yasser Arafat. A qual
administraria o futuro Estado da Palestina.
Em
1994 a Jordânia reconhece Israel para obter um acordo de utilização conjunta
das águas do rio Jordão. Já os acordos sobre a Colina de Golã, local das
nascentes do Jordão ocupado na Guerra dos Seis Dias, ainda permanecem pendentes
com a Síria.
Nos
anos 2000 Israel ofereceu a ANP o controle integral de Gaza e de 90% da
Cisjordânia, mas não aceitou que a capital do futuro Estado Palestino fosse em
Jerusalém oriental. Muito menos o retorno de refugiados que viviam em países
vizinhos. A ANP recusou e Israel retomou a implantação de colônias na
Cisjordânia. Consequentemente houve um intensificação das ações terroristas dos
grupos paramilitares como a Hamas, Jihad Islâmica, Fatah. Utilizando-se de
ataques suicidas, carros bombas, bombardeios em áreas israelenses. Em seguida o
governo israelense iniciou a construção de um muro de segurança que buscou
isolar comunidades judaicas e palestinas.
Em
2005, Israel retira-se unilateralmente colônias da Faixa de Gaza e, ao mesmo
tempo, expande assentamentos judeus na Cisjordânia. Transfere a administração
de Gaza a ANP e aumenta a cerca de segurança na Cisjordânia. Continuando assim,
será bem difícil algum acordo de paz duradouro. Uma vez que a população
palestina se encontra segregada e sua circulação é controlada pelas forças de
segurança israelense.
A
“questão palestina” assim ainda não foi resolvida, havendo milhões de palestinos
refugiados em outros países. Em 2012 houve alguma esperança quando, política e
simbolicamente, a ONU elevou a ANP a Estado observador não membro. Ficando
assim a um passo de ser reconhecido como membro independente, o que possa
favorecer suas negociações futuras com Israel.
EsPCEx 2020 - questão 27
(Fonte: CYPRIANO, K.M.P)
Gabarito: C
Pega a visão nesta
aula:
Alternativas
Incorretas:
I – A guerra do Yom Kippur (dia do perdão judaico) foi
um ataque surpresa dos árabes nos israelenses em 1973, nos quais foram
derrotados. Antes, porém, ocorreu a Guerra
dos Seis Dias (5 a 10 de junho de 1967) quando tivemos uma ampliação
territorial da Península do Sinai, Faixa de Gaza, Colinas de Golã e da
Cisjordânia por Israel.
IV – Os Acordo de Oslo (1993) foi uma tentativa
de paz, estabelecendo reconhecimento mútuo entre Organização para a Libertação
da Palestina e Israel mediados pelos EUA de Bill Clinton. Neste acordo, Israel
de Yitzhank Rabin devolveria partes de terras (oeste do Rio Jordão) e foi
criada a Autoridade Nacional da Palestina, sob o comando de Yasser Arafat
(Fatah, 1959), como embrião de um futuro Estado Palestino. Já o Hamas
(Movimento de Resistência Islâmica, 1987) é um partido político palestino
opositor ao Fatah, com práticas de guerrilha consideradas terroristas pelos
judeus. Portanto, contrário ao Estado de Israel.