quinta-feira, 27 de maio de 2021

Oriente Médio: o conflito árabe-israelense

 

Para você ter uma noção deste conflito no Oriente Médio, podemos comparar como algo bem pior do que uma rivalidade entre flamenguistas e vascaíno; entre palmeirenses e corintianos. Multiplique essa tensão em dia de final de campeonato e, provavelmente, chegaremos próximo de aferir. Mas cabe lembrar que, bem no fundo, aqueles povos são irmãos, apesar de não se darem muito bem atualmente, possuem potencial para paz.

            Bom se quisermos pegar um exemplo do território pelo qual estes dois povos rivalizam, podemos destacar a cidade de Jerusalém. A cidade é histórica e sagrada para o cristianismo como você já deva ter escutado, foi o lugar da Paixão de Cristo. Você lembra que Jesus Cristo veio entre o povo judeu e, por sua vez, este povo compreende um sociedade com práticas religiosas próprias. Então nesse lugar, os judeus possuem espaços que consideram sagrados desde a indicação de Rei Davi ao que hoje restou no “muro das lamentações”, é então território importante para o judaísmo. E ainda, temos na Jerusalém oriental a Esplanada das Mesquitas, um terceiro lugar mais importante das atividades islâmicas. Cada uma dentro de seus calendários, coabitam com diferentes temporalidades esse mesmo espaço, o que o torna um caldeirão pipocando confrontos.

            Bom, mas o que explica os recentes conflitos em Gaza pululantes nas imagens sangrentas e ensurdecedoras bombas captadas pelas mídias alternativas?

Você precisa entender o contexto do início do século XX: qual povo controlava aquela região em que hoje se encontra esse espaço disputado?

Havia um controle turco-otomano na região desde do século VII ao fins de XIX, que legou a atual presença árabe por lá. Após isso, passou a coexistir um movimento internacional judeu de retorno à pátria de seus ancestrais. Pelo movimento Sionista, os judeus buscaram habitar novamente aquela região. O que somente se intensificou com as Guerras Mundiais, sobretudo com a segunda. Nesta, como já deva saber, ocorreu a ascensão do Nazismo na Alemanha; um movimento altamente contrário aos judeus que os levou a um dos piores holocaustos da história, com a morte nos campos de concentração desumanas de 6 milhões de judeus.

As lideranças internacionais após a derrota Nazismo, se inclinaram as causas israelenses, sendo favoráveis a criação de um Estado de Israel. Bom, e o local para isso foram as terras da população árabe na Palestina. Por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), foi projetada a partilha da Palestina em 1947 em dois Estados independes: Israel e Palestina. Em 1948 foi oficializado e retirada as tropas estrangeiras. No dia seguinte, instalou-se os primeiros confrontos entre árabe e israelenses.

Isso porque os países árabes vizinhos não curtiram muito a história dessa imposição ocidental em terrenos considerados de domínio árabe. Os israelenses vencem esse primeiro embate e os palestinos ficam sem Estado oficial. Os territórios de Gaza e Cisjordânia ficaram sobre a tutela, respectivamente, de Egito e Jordânia; os palestinos ficaram mais confinados em territórios separados; e muitos preferiram abandonar suas casas e de refugiarem em outros países. Nasce a Organização para a Libertação Palestina (OLP), uma frente de diversos grupo, com destaque à liderança de Yasser Arafat. Começa aqui a diáspora palestina, sob a expiação mundial dos eventos da segunda guerra. Vale apontar que, erro não se corrige com erro.

Após isso houveram diferentes acordos, conflitos, ataques, guerras dos diferentes lados numa assimetria bélica que se estende até o nosso século XXI. Fazendo parece o Shalom ou Salaam Aleikum distante desses irmãos.

1)   Guerra dos Seis Dias – Confronto entre países árabes contra Israel. O estado judeu vence em seis dias e amplia consideravelmente seu território em 1967. A partir daí também, é intensificada ações terroristas feitas pela OLP.

2)    Guerra do Yom Kippur – foi um ataque surpresa feito por árabes em outubro de 1973 no “Dia do Perdão”, uma das datas mais importantes do calendário judaico. Em vinte dias com ajudas externas, Israel vence novamente.

3)  Acordo de Camp David – Um novo presidente (Anuar Sadat) do Egito percebe que não conseguiria alcançar paz pela via militar e procura aproximação dos EUA para mediar uma diplomacia da paz com Israel. Em 1979 no território estadunidense de Camp David, Israel concorda em devolver a península do Sinai ao Egito e o país dos faraós reconhece politicamente Israel. Selam com um pacto de não agressão mútua e marcam a história. Foi o primeiro presidente a levar um país árabe a reconhecer o Estado judeu. Fato este que o levou a um assassinato por extremistas em 1981 no Cairo.

4)  Israel invade o Líbano em 1982 atrás de bases de treinamento da OLP. Surge o grupo Hezbollah no Líbano em parceria com o lideranças iranianas.

5)    Acordo de Oslo – Entendo mudanças no cenário político do Oriente Médio, a OLP se tornou uma organização política aberta a negociações para a construção do Estado Palestino ao fim da década de 1980. O que levou ao encontro das lideranças palestinas e israelenses em Oslo (Noruega) mediadas por Bill Clinton (então presidente dos Estados Unidos da América) para uma um acordo de reconhecimento recíproco, início da devolução aos palestinos de maior parte da Faixa de Gaza e cidades da Cisjordânia. Concomitantemente foi criado a Autoridade Nacional Palestina (ANP) sob a presidência de Yasser Arafat. A qual administraria o futuro Estado da Palestina.

 

Em 1994 a Jordânia reconhece Israel para obter um acordo de utilização conjunta das águas do rio Jordão. Já os acordos sobre a Colina de Golã, local das nascentes do Jordão ocupado na Guerra dos Seis Dias, ainda permanecem pendentes com a Síria.

Nos anos 2000 Israel ofereceu a ANP o controle integral de Gaza e de 90% da Cisjordânia, mas não aceitou que a capital do futuro Estado Palestino fosse em Jerusalém oriental. Muito menos o retorno de refugiados que viviam em países vizinhos. A ANP recusou e Israel retomou a implantação de colônias na Cisjordânia. Consequentemente houve um intensificação das ações terroristas dos grupos paramilitares como a Hamas, Jihad Islâmica, Fatah. Utilizando-se de ataques suicidas, carros bombas, bombardeios em áreas israelenses. Em seguida o governo israelense iniciou a construção de um muro de segurança que buscou isolar comunidades judaicas e palestinas.

Em 2005, Israel retira-se unilateralmente colônias da Faixa de Gaza e, ao mesmo tempo, expande assentamentos judeus na Cisjordânia. Transfere a administração de Gaza a ANP e aumenta a cerca de segurança na Cisjordânia. Continuando assim, será bem difícil algum acordo de paz duradouro. Uma vez que a população palestina se encontra segregada e sua circulação é controlada pelas forças de segurança israelense.

A “questão palestina” assim ainda não foi resolvida, havendo milhões de palestinos refugiados em outros países. Em 2012 houve alguma esperança quando, política e simbolicamente, a ONU elevou a ANP a Estado observador não membro. Ficando assim a um passo de ser reconhecido como membro independente, o que possa favorecer suas negociações futuras com Israel.

EsPCEx 2020 - questão 27


(Fonte: CYPRIANO, K.M.P)


Gabarito: C

Pega a visão nesta aula:

Alternativas Incorretas:

I – A guerra do Yom Kippur (dia do perdão judaico) foi um ataque surpresa dos árabes nos israelenses em 1973, nos quais foram derrotados. Antes, porém, ocorreu a Guerra dos Seis Dias (5 a 10 de junho de 1967) quando tivemos uma ampliação territorial da Península do Sinai, Faixa de Gaza, Colinas de Golã e da Cisjordânia por Israel.

IV – Os Acordo de Oslo (1993) foi uma tentativa de paz, estabelecendo reconhecimento mútuo entre Organização para a Libertação da Palestina e Israel mediados pelos EUA de Bill Clinton. Neste acordo, Israel de Yitzhank Rabin devolveria partes de terras (oeste do Rio Jordão) e foi criada a Autoridade Nacional da Palestina, sob o comando de Yasser Arafat (Fatah, 1959), como embrião de um futuro Estado Palestino. Já o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica, 1987) é um partido político palestino opositor ao Fatah, com práticas de guerrilha consideradas terroristas pelos judeus. Portanto, contrário ao Estado de Israel.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Bloco econômico: Mercado Comum do Sul - MERCOSUL

 Gabarito comentado da EsPCEx 2020 - questão 26

A questão traz os blocos de integração econômica que, em geral, surgem como medida protecionismo regional a produtos e serviços no período da globalização logo após a Segunda Guerra Mundial.  Aborda, especificamente um bloco que o Brasil faz parte, o dinamismo do bloco econômico do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); cujos membros fundadores são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção em 1991.

 Nascido nesse ano na região da bacia platina, ameniza os histórico conflitos vivenciados ali, como a Guerra da Cisplatina e a Guerra do Paraguai. Porém, ocorre sobretudo pelo esgotamento das duas principais economias da região, Brasil e Argentina, ao modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações da década de 1980. Logo após os dois também saírem de ditaduras militares. O mercado externo criado, portanto, representou as reformas de liberalização econômicas internas, uma vez a necessidade de atrair investimentos.

Esse bloco, portanto, visa uma integração profunda em mercado comum entre países da América Latina, mas a princípio ainda é uma zona de livre comércio – com a eliminação de barreiras alfandegárias intrazona, exceto para açúcar e automóveis; e união aduaneira – com uma Tarifa Externa Comum (TEC), mas em diversos níveis tarifários; ou seja, ainda em conformação.

Vem ganhando corpo ao longo dos anos, com protocolos que definem suas diretrizes.  Destacamos o Protocolo de Ouro Preto (1994) criando uma estrutura institucional com órgãos decisórios de natureza intergovernamental, sobretudo no que tange à integração econômica. E o Protocolo de Ushuaia I (1998) que buscou uma “cláusula democrática” ao ratificar um respeito dos Estados membros nos valores e nas regras de democracia representativa.

O bloco está atualmente composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Tendo a Venezuela aderido em 2012, e sendo suspensa em 2016; e a Bolívia em processo avançado de adesão. Segundo o site brasileiro do bloco, todos os demais países sul-americanos estão, hoje, vinculados como Estado Associados. A perspectiva do bloco é avançar na integração de bens, serviços, pessoas na convergência das legislações dos Estados Partes.

Alternativas incorretas:

III – Uma união aduaneira é uma associação de países que compartilham uma tarifa externa comum e uma livre circulação de mercadorias produzidas nesses países. Então, para ser uma união aduaneira perfeita o país precisa, além de ter uma tarifa externa comum como é caso do MERCOSUL por enquanto, possuir livre circulação de mercadorias, ainda salvaguardas no bloco. É considerada uma união imperfeita.

IV – O protocolo de Ouro Preto (1994) conferiu estrutura institucional básica e personalidade jurídica de direito internacional ao bloco. Já a referida cláusula democrática foi inserida no bloco pelo Tratado de Ushuaia (1998) e foi utilizado para suspender temporariamente o Paraguai em 2012 e a Venezuela desde 2017.


Gabarito: B

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Sistema de Coordenadas Geográficas - Lat/Long

Como podemos encontrar um ponto na superfície terrestre ?


Por que quando você coloca no Uber, Waze, Google maps para ir no Shopping Bangu, Estádio do Maracanã, Hospital Rocha Faria, Praia de Copacabana, Rua Pedrosa, n.45;  ele encontra esse ponto ?


É por causa do sistema de coordenadas geográficas. Isto é: uma rede de linhas imaginárias que permitem localizar qualquer ponto na superfície. Uma das mais utilizadas é, por exemplo, a divisão conforme o plano cartesiano (eixo x e y), a divisões medidas em graus entre latitudes e longitudes (Lar/Long). 


As latitudes ou paralelos partem do círculo máximo da esfera terrestre, traçado perpendicularmente ao eixo de translação terrestre,o que conhecemos como a Linha do Equador ou 0°. Esta divide a Terra em dois hemisférios, Sul e Norte. A partir deste círculo ( 0°) teremos a latitude ou paralelo medidas em graus(°) até 90°S e 90°N.


Somente com esses valores ainda não será possível encontrar um ponto. Ainda será necessário uma segunda coordenada. Teremos assim, as longitudes ou meridianos que cortam perpendicularmente as latitudes. Elas dividem a Terra em semicircunferências que possuem o mesmo tamanho e convergem nos polos. 


Nesse sentido foi convencionado que o meridiano 0°, chamado Meridiano de Greenwich, passaria pelo Observatório Astronômico de Greenwich, próximo a Londres - ING. Desse ponto a 180° Oeste denominamos oriente(hemisfério oriental) e a 180° Leste denominamos ocidente (hemisfério ocidental). Ainda o meridiano oposto seria o 180° ou antimeridiano.


Com isso é possível encontrar qualquer ponto na superfície terrestre com esse sistema de coordenadas geográficas. Como o plano cartesiano com coordenadas x(latitude) e y(longitude) é possível se orientar no espaço geográfico. Por exemplo, 20°S (Lar) e 44°O(Long); estaríamos em Minas Gerais, Brasil. 


Para especificar mais, vale lembrar que teremos que esmiuçar os graus(°) para minutos (') e segundos ("). Por exemplo, 20° 14' 36" S(Lat) e 44° 28' 15" O (Long) para um ponto mais restrito em Minas Gerais.


 Agora, qual a coordenada geográfica de onde você mora e de onde você nasceu ? Pesquise e descreva abaixo.


Vamos para a questão. 



Acompanhe o gabarito comentado: https://youtu.be/r7FBeXscyRo 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Mapas de anamorfose

Os mapas de anamorfose ou a anamorfose geográfica são mapas temáticos com distorções de áreas propositais para poder revelar algum fenômeno do espaço geográfico. 

Pode ser de qualquer escala de percepção: local, regional ou global. Ela apenas serve para facilitar a comunicação. 


Você lembra que um mapa é a linguagem da geográfica. Certo ? Então no mapa de anamorfose, apenas com o aspecto visual, o receptor deve ser capaz de traduzir a mensagem. 


Se ligo?


Olha esse exemplo do mapa político e do mapa da população brasileira por estado em 2017:


(F: autor)

O que você identifica ao olhar a imagem ?


Descreva abaixo. E quais os outros você conhece ou quais você pode fazer. Compartilhe sua ideia aqui, desenhe seu mapa de a-n-a-m-o-r-f-o-s-e.


(Por CYPRIANO, K.M.P.)


quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A escala cartográfica

O mapa é a própria linguagem da geografia. É o meio onde duas ou mais pessoas se comunicam com elementos do espaço geográfico.


Mas para existir uma boa comunicação no mapa são necessários alguns elementos para maior entendimento. Tais como um título; legenda; escala; fontes e orientação.


escala cartográfica é um dos elementos de grande importância, uma vez que é inviável mapear uma região no seu tamanho real. Assim ela pode ser definida como uma relação de proporção matemática entre a distância no mapa (d) e a distância real (D). Será, normalmente, uma redução da realidade para adequar ao objetivo da mensagem cartografada. Ainda cabe recordar que esta pode ser expressa tanto numericamente (E=d/D) quanto graficamente (régua tracejada).


Sabendo disso, a questão fica mais fácil de ser resolvida e você poderá confeccionar mais facilmente seus mapas. 


Segue o link para gabarito comentado Enem 2018 sobre a escala cartográfica utilizando a escala numérica: https://youtu.be/5lK8FHt0IMI


Por  CYPRIANO, K. M. C.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

O Continente Americano

Se liga na regionalização, na estrutura geológica e nas zonas climáticas do continente americano:

1) O continente americano

1)   Primeiro, a regionalização dos continentes mundiais. Regionalizar é dividir um espaço para melhor administrá-lo. Há diversas regionalizações em diferentes escalas, mundo ocidental e oriental, as divisões administrativas do Brasil, etc. Assim, considerando diferentes critérios, obteremos diferentes regionalizações. Uma delas são as divisões por continentes. 

 

Um continente é uma porção bem extensa de terra emersa e envolvida por água, portanto essa divisão é feita com critérios físicos ou naturais. São reconhecidas seis porções de terras na superfície terrestre: África, América, Antártica, Ásia, Europa e Oceania.

 

O continente americano (Fonte: autor)

O continente americano, especificamente, será o de maior latitude dos demais. Possuirá características físicas peculiares e culturas próprias das quais sairão outras regionalizações.

 

América e suas regionalizações

 

Por critério cultural, teremos:

 

América latina – São os países de cultura latina, da latitude americana pareada a região de lácio italiana ao sul de terras contínuas. São em maioria falantes de línguas oriundas do latim. Há uma abordagem socioeconômica designada a representar este conjunto como os países ditos subdesenvolvidos. Seriam os locais onde existem maiores contrastes sociais e maiores índices de pobreza do continente. Destacam-se ainda por terem heranças coloniais semelhantes, enquanto foram colônias de exploração.

 

América anglo-saxônica – São em maioria anglófonos e tiveram uma colonização diferente, chamada de povoamento. Ainda obtiveram um desenvolvimento econômico deferente dos demais países americanos, considerados de maior desenvolvimento.

 

Por localização:

 

América do Sul: Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guina Francesa.

 

América Central – Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e Antilhas.

 

América do Norte – México, Estados Unidos da América e Canadá.

 

Por característica físicas:

 

América Andina – Países que fazem parte da Cordilheira dos Andes, um dos dobramento modernos de maiores elevações.

 

América Platina – Países consideravelmente banhados pela bacia do rio prata, são eles a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

 

América ístmica – É a América central considerados somente os países continentais. Observe que o istmo é um pequeno pedaço de terra que une outras duas maiores, no caso, liga entre a América do Sul e a do Norte.

 

2) Estrutura geológica

2)     Para compreendermos as formas das terras na superfície terrestre, precisamos entender a estrutura desse relevo. Isto é sua origem e evolução ao quadro atual. Temos três tipos: os escudos cristalinos formados há mais de 600 milhões de anos no período pré-cambriano, são regiões rebaixadas gradativamente, possui partes longe das bordas das placas tectônicas nas Américas do Sul e na do Norte. Locais mais rebaixados, as bacias sedimentares são as regiões de maiores deposições de sedimentos minerais e orgânicos. Já os dobramentos modernos são de formação geológica recente há cerca de 65 milhões de anos. São os locais onde apresentam-se as maiores formações rochosas da atualidade, destacam-se a cordilheira dos Andes, as montanhas Rochosas na América.


 3) Zonas Climáticas

3)   Em terceiro e último momento entenderemos as zonas climáticas. De acordo com os movimentos de rotação e translação do planeta Terra na espaço sideral, o formato semelhante a uma esfera, teremos a delimitação de acordo com as latitudes de diferentes regiões recebedoras de quantidades e qualidade de radiação solar.

 

Na região com raios solares atingindo-a perpendicularmente grande parte do ano, sendo a mais quente do globo, temos a faixa ao redor da Linha do Equador até aprox. 23° S e 23° N caracterizada como a Zona Intertropical. Mais ao sul e ao norte desse ponto até aproximadamente 66° Sul e Norte, temos a Zona Temperada com maior equilíbrio entre as estações do ano e mais fria que a anterior. Mais ao sul e ao norte da latitude 66°S/N, até completar os 90°, temos a Zona Glacial Antártica (S) e a Zona Glacial Ártica(N), regiões onde os raios solares chegam com menor intensidade e, portanto, são as mais frias do planeta. Lembre-se que nesta região aparecem áreas em permanente noite e dia por cerca de dois meses do ano.

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EsPCEx 2020 - Modelo E - Questão 30 - Gabarito comentado de Geografia

A questão é mais direta e aborda as características acima estudadas do continente americano.

Estão incorretas:

III -  A condição bioceânica é ter acesso geográfico a dois oceanos. Na América Central Ístmica nem El Salvador – somente para Pacífico, nem Belize – somente para o Atlântico, possuem essa condição.

IV – As zonas climáticas se dividem por latitudes que recebem uma dada quantidade de energia solar. Temos a Zona Glacial Antártica de 90°S até aprox. ao paralelo 66°S (círculo polar antártico) que não atravessa o continente americano. Portanto, nem todas as zonas estão no continente.

Gabarito A
Saiba mais: https://youtu.be/-XeXhEvf4iw

Por: CYPRIANO, K. M. P.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Áfricas

 Fome, guerra, exploração: como foi sua formação moderna e o que é o continente africano além disso ?


Em três momentos vamos identificar as relações sociais regionalizadoras da situação do continente africano. Nesse rápido resumo, entenderemos os principais pontos da história, da modernidade colonial e dos desafios da contemporaneidade.  Pega a visão!


Em primeiro momento vale identificarmos o berço da humanidade e o nascimento do nome do continente "África". Sabe-se que o registro de fósseis da espécie humana mais antigos já descobertos, foram encontrados no continente africano. A África mais ancestral, se não a casa do limiar geracional da espécie, foi certamente um lugar mais importante para o gênero "Homo" do qual descendemos.


Uma das etnias principais do continente são os da língua berbere que darão o radical para o nome do continente. Esses viviam no norte africano, no espaço de influência fenícia de Catargo, região outrora destruída pelos romanos. Com isso foram para outra província, a atual Túnis. Sendo estes reconhecidos externamente como habitantes da África (do radical berbere Ifri = rochedo/gruta), por extensão passou a denominar todos os habitantes do continente a noroeste pelos árabes.


Em todo continente africano podemos intuir que existiam diferentes grupos étnicos, alguns antropologicamente conhecidos. Podem ser destacados os balantas, iorubas, bijagós, jejes, manjacos, haussás, mandingas; caracterizados pela região temos os bantos, nagôs, minas, sudaneses, dentre outros. Tinham cada qual seus próprios reinos e impérios relativamente bem delimitados. Cresciam e desenvolviam-se, como o próspero Império Ghana, dentro de suas dinâmicas, tais semelhantes a Wakanda da ficção. Possuíam algumas relações comerciais com árabes e europeus, eram comunidades agrícolas e extrativistas.


O sul permanece nesse dinâmica de desenvolvimento até a expansão mercantil européia, enquanto que o norte passará pela expansão árabe. Adentramos assim na regionalização feita por alguns livros didáticos atuais, classificando duas Áfricas, uma ao norte e outra ao sul do deserto do Saara (uma certa barreira geográfica do território). São também denominadas de África do norte, África branca, África setentrional ou Magheb mais o Egito; e a África ao sul do Saara, África subsaariana ou África negra.


O norte atravessará a expansão colonial árabe, recentemente via império otomano, sobretudo nos séculos VII e VIII, com extensão colonial até a 1°GM. E assim terá maior influência da cultura islâmica. O sul do Saara somente no século XV entrará na dinâmica global pelo expansionismo mercantil e colonial europeu. Sobretudo no Sahel,  orla ao sul do Saara, teremos a integração diaspórica de mão de obra escravizada da região como "periferia da periferia" da DIT( Divisão Internacional do Trabalho) feita por europeus. Eis o começo moderno da diáspora africana de escravizados para a América, Ásia e Europa.


Tornando mais complexas ou acentuando profundidades a antigas estruturas sociais preexistentes, a mercantilização de escravos marca profundamente o período contemporâneo com casos de racismo e desigualdades estruturais. Por exemplo, somente para o Brasil do século XV ao XIX são trazidos nos navios negreiros, em condições insalubres, onde muitos morreriam a caminho, aproximadamente 4 milhões de escravizados de diferentes grupos étnicos africanos. Só estes somam cerca de 40% do total de escravos trazidos para as Américas, em volume e intensidade nunca antes vistos na história humana. Podemos deduzir aprox. 10 milhões na imigração forçada e violenta somente para as Américas. Período marcante da nossa história que ainda vale ser conscientizado posto que mal compreendido e muitas vezes invisibilizado nos livros. 

(Fonte:Slavevoyages.org)

Somente no século XIX teremos eventos modificadores dessa situação. Por um lado teorias racistas na tentativa de justificar o injustificável escravocrata desenvolvida por deterministas raciais europeus e, nas Américas, movimentos abolicionistas nos diversos países escravistas. Soma-se a isso, a revolução industrial alastrando por países um tipo de fabricação diferente na exploração da natureza e gerando uma riqueza fora dos padrões da época. Muitos países passarão a demandar matérias primas, países compradores de produtos manufaturados e uma mão de obra assalariada disposta a comprar seus produtos (um mercado consumidor). Com isso, os momentos se convergem nas mudanças de paradigmas sociais, ao menos em superfície.


Os afrodescendentes sobreviventes a isso nas diversas égides estatais, fizeram uma etnogênese própria nos quilombos e locais de resistência, como os afro-brasileiros. Houve alguma miscigenação fragmentada, contudo ainda hoje prevalecem exclusões em diversos níveis sociais. O que alguns autores têm denominado de racismo estrutural.


Dado isso, vale recordarmos a Conferência de Berlim (1884-85) feita para dividir e criar os estados africanos ao neocolonialismo (ou imperialismo) europeu. Cerca de 13 países europeus sob o comando do chanceler alemão Bismarck, mais os EUA e os otomanos, dividiram a África para si de acordo com o "direito internacional" da época. Direito criado por eles, cabe lembrar, não respeitando as comunidades étnicas das regiões.


Serão construídas então políticas coloniais distintas com estruturas pré-coloniais diversas que legarão configurações regionais singulares. Ainda hoje em conflitos, sistemas sociais precários e em reorganizações instáveis. Teremos estruturas coloniais que marcam o território e deixam heranças sociais excludentes. A parte mais visível foi o regime legal de apartheid sul-africano no século XX, é o próprio racismo oficializado. Segregação racial constituída por lei para distanciar brancos e negros da convivência social no país. Retirando os direitos civis de pessoas negras, que somente foram auferidos em 1994 com a eleição de Nelson Mandela na República da África do Sul.


Em macroanálise, com o fim da 2°GM, teremos um novo ciclo para o continente. Começam a ocorrer rupturas ao padrão colonial "oficial" a partir da década de 1960. São formados os Estado-nações independente africanos, ainda que preservando delimitações territoriais daquela conferência. O que levará a uma constante tensão entre um Estado centralizador versus forças regionais. Como exemplo recente, temos o Sudão dividindo-se no Sudão do Sul. Portanto, há uma instabilidade interna em muitos países dada pelas fronteiras coloniais.


E além disso ?


A partir do século XXI teremos investimentos externos numa perspectiva de desenvolvimento horizontal. Desde a década de 1980, observa-se a China buscando relações ‘amigáveis’ com países africanos. Financiou obras de infraestrutura em diversos países, ultrapassando a atuação do Banco Mundial, por exemplo. Em busca de recursos naturais, matérias-primas (as commodities; petróleo, gás, minérios) e mercado consumidor; a China ganhará destaque a partir do novo milênio em relações comerciais com países africanos, sendo o de maior parcerias comerciais na África a partir de 2009.  Juntos com os países de economia emergentes (como o BRA e IND), ainda a França como ex-colonial investidora e os EUA confrontando a China, aumentam suas relações econômicas no continente. O continente assim expressa-se como reserva de recursos naturais para tipos de subimperialismos contemporâneos.


Nesse sentido, mesmo em recessão global do capitalismo em 2008, o continente africano passou por um bom crescimento econômico neste início do século. Existem alguns centros intermediários, porém, estão em maior evidência por serem polarizadores econômicos e culturais, três países na dianteira africana desse xadrez vestifaliano:


A África do Sul enquanto país de maior desenvolvimento econômico - o coração simbólico da África austral;


A Nigéria a oeste como gigante populacional, de alta exploração petrolífera e de influência a outras áreas ao seu redor;


E o Egito ao norte expressando uma liderança cambaleante, mas mantendo um domínio importante sobre as instalações petrolíferas do canal de Suez.


Por fim, qual será o caminho a seguir do continente ?


Veremos uma diversificação da economia dos diferentes países africanos para diminuir a dependência das exportações de matérias primas ? Será diversificado os investimentos urbanos para desconcentrar o êxodo rural vivenciado nas últimas décadas no continente ? Será este o papel da União Africana (2002)? Será que encaminhamos para dragões africanos como pinta a China ?


Será observado uma consolidação da democracia diferenciada nos países africanos ? Ou será que seguirá a instabilidade democrática dos países ao norte? Esses que após os eventos da primavera árabe (2011) entraram no que tem sido denominado de inverno árabe. Isto é, o retorno de antigos grupos depostos ou novas lideranças ditatoriais no poder.


Ou será superada as heranças coloniais, teremos a feitura de uma filosofia própria africana da multiciplidade de suas culturas que intervenha, responda efetivamente nas nuances complexas do mundo moderno ? 


Um caminho de dentro para fora talvez seja a rota para uma outra globalização. Quais modelos africanos serão incluídos, quais os caminhos alternativos seguir fora do desenvolvimento e "progresso" atuais, seguem sendo incógnitas-viáveis do continente.


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EsPCEx 2020 - Prova de Geografia -  Modelo E - Questão 29 

Gabarito: A

Incorretas:

III – Em sua maioria a população do continente africano vive em ambiente considerados rurais, cerca de 65%. Muitos países enfrentam um êxodo rural acelerado nas últimas décadas o que tem implicado num aumento de periferias nas áreas urbanas.

IV – A conhecida Primavera Árabe(2011) passa por um período de inverno árabe em que outros grupos ditatórias ou os antigos depostos reassumem o poder. É o caso do Egito com a família Al-Sisi que criou cláusulas constitucionais para expandir sua permanência até 2030. Assim, há sintomas autoritários enraizados e retrocessos democráticos nesses países.

Questão comentada: https://youtu.be/tZlHVVP45mA

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Fontes: 

CARTWRIGHT, M. Império de Gana. Disponível em:<<https://www.ancient.eu/trans/pt/1-11778/imperio-de-gana/>> Acesso dia 02 dez. 2020.

MARY, C. P. África: integração e fragmentação. In: HAESBAERT, R. (org). Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo. 2ed. Niterói, editora da UFF, 2013.

PALMARES. Diáspora africana. Disponível em:<< http://www.palmares.gov.br/?p=53464 >>Acesso dia 02 dez. 2020.

RANGEL, P. S. Apenas uma questão de cor? As teorias raciais dos séculos XIX e XX. In: Revista Simbiótica. vol.2, n.1, p.12-21. Espírito Santo, jun, 2015.

SARAIVA, J. F. S. A África na ordem internacional do século XXI: mudanças epidérmicas ou ensaios de autonomia decisória. In: Revista brasileira de política internacional. vol.51, n.1, p.84-104. Brasília, 2008.

UNESP. Disponível em: <<http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2b.htm>> Acesso dia 02 dez 2020.