quinta-feira, 27 de maio de 2021

Oriente Médio: o conflito árabe-israelense

 

Para você ter uma noção deste conflito no Oriente Médio, podemos comparar como algo bem pior do que uma rivalidade entre flamenguistas e vascaíno; entre palmeirenses e corintianos. Multiplique essa tensão em dia de final de campeonato e, provavelmente, chegaremos próximo de aferir. Mas cabe lembrar que, bem no fundo, aqueles povos são irmãos, apesar de não se darem muito bem atualmente, possuem potencial para paz.

            Bom se quisermos pegar um exemplo do território pelo qual estes dois povos rivalizam, podemos destacar a cidade de Jerusalém. A cidade é histórica e sagrada para o cristianismo como você já deva ter escutado, foi o lugar da Paixão de Cristo. Você lembra que Jesus Cristo veio entre o povo judeu e, por sua vez, este povo compreende um sociedade com práticas religiosas próprias. Então nesse lugar, os judeus possuem espaços que consideram sagrados desde a indicação de Rei Davi ao que hoje restou no “muro das lamentações”, é então território importante para o judaísmo. E ainda, temos na Jerusalém oriental a Esplanada das Mesquitas, um terceiro lugar mais importante das atividades islâmicas. Cada uma dentro de seus calendários, coabitam com diferentes temporalidades esse mesmo espaço, o que o torna um caldeirão pipocando confrontos.

            Bom, mas o que explica os recentes conflitos em Gaza pululantes nas imagens sangrentas e ensurdecedoras bombas captadas pelas mídias alternativas?

Você precisa entender o contexto do início do século XX: qual povo controlava aquela região em que hoje se encontra esse espaço disputado?

Havia um controle turco-otomano na região desde do século VII ao fins de XIX, que legou a atual presença árabe por lá. Após isso, passou a coexistir um movimento internacional judeu de retorno à pátria de seus ancestrais. Pelo movimento Sionista, os judeus buscaram habitar novamente aquela região. O que somente se intensificou com as Guerras Mundiais, sobretudo com a segunda. Nesta, como já deva saber, ocorreu a ascensão do Nazismo na Alemanha; um movimento altamente contrário aos judeus que os levou a um dos piores holocaustos da história, com a morte nos campos de concentração desumanas de 6 milhões de judeus.

As lideranças internacionais após a derrota Nazismo, se inclinaram as causas israelenses, sendo favoráveis a criação de um Estado de Israel. Bom, e o local para isso foram as terras da população árabe na Palestina. Por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), foi projetada a partilha da Palestina em 1947 em dois Estados independes: Israel e Palestina. Em 1948 foi oficializado e retirada as tropas estrangeiras. No dia seguinte, instalou-se os primeiros confrontos entre árabe e israelenses.

Isso porque os países árabes vizinhos não curtiram muito a história dessa imposição ocidental em terrenos considerados de domínio árabe. Os israelenses vencem esse primeiro embate e os palestinos ficam sem Estado oficial. Os territórios de Gaza e Cisjordânia ficaram sobre a tutela, respectivamente, de Egito e Jordânia; os palestinos ficaram mais confinados em territórios separados; e muitos preferiram abandonar suas casas e de refugiarem em outros países. Nasce a Organização para a Libertação Palestina (OLP), uma frente de diversos grupo, com destaque à liderança de Yasser Arafat. Começa aqui a diáspora palestina, sob a expiação mundial dos eventos da segunda guerra. Vale apontar que, erro não se corrige com erro.

Após isso houveram diferentes acordos, conflitos, ataques, guerras dos diferentes lados numa assimetria bélica que se estende até o nosso século XXI. Fazendo parece o Shalom ou Salaam Aleikum distante desses irmãos.

1)   Guerra dos Seis Dias – Confronto entre países árabes contra Israel. O estado judeu vence em seis dias e amplia consideravelmente seu território em 1967. A partir daí também, é intensificada ações terroristas feitas pela OLP.

2)    Guerra do Yom Kippur – foi um ataque surpresa feito por árabes em outubro de 1973 no “Dia do Perdão”, uma das datas mais importantes do calendário judaico. Em vinte dias com ajudas externas, Israel vence novamente.

3)  Acordo de Camp David – Um novo presidente (Anuar Sadat) do Egito percebe que não conseguiria alcançar paz pela via militar e procura aproximação dos EUA para mediar uma diplomacia da paz com Israel. Em 1979 no território estadunidense de Camp David, Israel concorda em devolver a península do Sinai ao Egito e o país dos faraós reconhece politicamente Israel. Selam com um pacto de não agressão mútua e marcam a história. Foi o primeiro presidente a levar um país árabe a reconhecer o Estado judeu. Fato este que o levou a um assassinato por extremistas em 1981 no Cairo.

4)  Israel invade o Líbano em 1982 atrás de bases de treinamento da OLP. Surge o grupo Hezbollah no Líbano em parceria com o lideranças iranianas.

5)    Acordo de Oslo – Entendo mudanças no cenário político do Oriente Médio, a OLP se tornou uma organização política aberta a negociações para a construção do Estado Palestino ao fim da década de 1980. O que levou ao encontro das lideranças palestinas e israelenses em Oslo (Noruega) mediadas por Bill Clinton (então presidente dos Estados Unidos da América) para uma um acordo de reconhecimento recíproco, início da devolução aos palestinos de maior parte da Faixa de Gaza e cidades da Cisjordânia. Concomitantemente foi criado a Autoridade Nacional Palestina (ANP) sob a presidência de Yasser Arafat. A qual administraria o futuro Estado da Palestina.

 

Em 1994 a Jordânia reconhece Israel para obter um acordo de utilização conjunta das águas do rio Jordão. Já os acordos sobre a Colina de Golã, local das nascentes do Jordão ocupado na Guerra dos Seis Dias, ainda permanecem pendentes com a Síria.

Nos anos 2000 Israel ofereceu a ANP o controle integral de Gaza e de 90% da Cisjordânia, mas não aceitou que a capital do futuro Estado Palestino fosse em Jerusalém oriental. Muito menos o retorno de refugiados que viviam em países vizinhos. A ANP recusou e Israel retomou a implantação de colônias na Cisjordânia. Consequentemente houve um intensificação das ações terroristas dos grupos paramilitares como a Hamas, Jihad Islâmica, Fatah. Utilizando-se de ataques suicidas, carros bombas, bombardeios em áreas israelenses. Em seguida o governo israelense iniciou a construção de um muro de segurança que buscou isolar comunidades judaicas e palestinas.

Em 2005, Israel retira-se unilateralmente colônias da Faixa de Gaza e, ao mesmo tempo, expande assentamentos judeus na Cisjordânia. Transfere a administração de Gaza a ANP e aumenta a cerca de segurança na Cisjordânia. Continuando assim, será bem difícil algum acordo de paz duradouro. Uma vez que a população palestina se encontra segregada e sua circulação é controlada pelas forças de segurança israelense.

A “questão palestina” assim ainda não foi resolvida, havendo milhões de palestinos refugiados em outros países. Em 2012 houve alguma esperança quando, política e simbolicamente, a ONU elevou a ANP a Estado observador não membro. Ficando assim a um passo de ser reconhecido como membro independente, o que possa favorecer suas negociações futuras com Israel.

EsPCEx 2020 - questão 27


(Fonte: CYPRIANO, K.M.P)


Gabarito: C

Pega a visão nesta aula:

Alternativas Incorretas:

I – A guerra do Yom Kippur (dia do perdão judaico) foi um ataque surpresa dos árabes nos israelenses em 1973, nos quais foram derrotados. Antes, porém, ocorreu a Guerra dos Seis Dias (5 a 10 de junho de 1967) quando tivemos uma ampliação territorial da Península do Sinai, Faixa de Gaza, Colinas de Golã e da Cisjordânia por Israel.

IV – Os Acordo de Oslo (1993) foi uma tentativa de paz, estabelecendo reconhecimento mútuo entre Organização para a Libertação da Palestina e Israel mediados pelos EUA de Bill Clinton. Neste acordo, Israel de Yitzhank Rabin devolveria partes de terras (oeste do Rio Jordão) e foi criada a Autoridade Nacional da Palestina, sob o comando de Yasser Arafat (Fatah, 1959), como embrião de um futuro Estado Palestino. Já o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica, 1987) é um partido político palestino opositor ao Fatah, com práticas de guerrilha consideradas terroristas pelos judeus. Portanto, contrário ao Estado de Israel.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Bloco econômico: Mercado Comum do Sul - MERCOSUL

 Gabarito comentado da EsPCEx 2020 - questão 26

A questão traz os blocos de integração econômica que, em geral, surgem como medida protecionismo regional a produtos e serviços no período da globalização logo após a Segunda Guerra Mundial.  Aborda, especificamente um bloco que o Brasil faz parte, o dinamismo do bloco econômico do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); cujos membros fundadores são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção em 1991.

 Nascido nesse ano na região da bacia platina, ameniza os histórico conflitos vivenciados ali, como a Guerra da Cisplatina e a Guerra do Paraguai. Porém, ocorre sobretudo pelo esgotamento das duas principais economias da região, Brasil e Argentina, ao modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações da década de 1980. Logo após os dois também saírem de ditaduras militares. O mercado externo criado, portanto, representou as reformas de liberalização econômicas internas, uma vez a necessidade de atrair investimentos.

Esse bloco, portanto, visa uma integração profunda em mercado comum entre países da América Latina, mas a princípio ainda é uma zona de livre comércio – com a eliminação de barreiras alfandegárias intrazona, exceto para açúcar e automóveis; e união aduaneira – com uma Tarifa Externa Comum (TEC), mas em diversos níveis tarifários; ou seja, ainda em conformação.

Vem ganhando corpo ao longo dos anos, com protocolos que definem suas diretrizes.  Destacamos o Protocolo de Ouro Preto (1994) criando uma estrutura institucional com órgãos decisórios de natureza intergovernamental, sobretudo no que tange à integração econômica. E o Protocolo de Ushuaia I (1998) que buscou uma “cláusula democrática” ao ratificar um respeito dos Estados membros nos valores e nas regras de democracia representativa.

O bloco está atualmente composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Tendo a Venezuela aderido em 2012, e sendo suspensa em 2016; e a Bolívia em processo avançado de adesão. Segundo o site brasileiro do bloco, todos os demais países sul-americanos estão, hoje, vinculados como Estado Associados. A perspectiva do bloco é avançar na integração de bens, serviços, pessoas na convergência das legislações dos Estados Partes.

Alternativas incorretas:

III – Uma união aduaneira é uma associação de países que compartilham uma tarifa externa comum e uma livre circulação de mercadorias produzidas nesses países. Então, para ser uma união aduaneira perfeita o país precisa, além de ter uma tarifa externa comum como é caso do MERCOSUL por enquanto, possuir livre circulação de mercadorias, ainda salvaguardas no bloco. É considerada uma união imperfeita.

IV – O protocolo de Ouro Preto (1994) conferiu estrutura institucional básica e personalidade jurídica de direito internacional ao bloco. Já a referida cláusula democrática foi inserida no bloco pelo Tratado de Ushuaia (1998) e foi utilizado para suspender temporariamente o Paraguai em 2012 e a Venezuela desde 2017.


Gabarito: B