segunda-feira, 18 de maio de 2020

Resumo sobre a China

O que é a China ?

Além de ter a maior população mundial(1,4 bi), ser (ainda) a 2° economia mundial, ser o 3° maior território mundial, estar localizada no Leste Asiático, e você certamente ter vários produtos "made in china" ; o que é a China ?

A China é país milenar, tendo aproximadamente 5000 anos de existência por registros de caçadores e coletores que por lá viveram. É composta por diferentes etnias (90% han, hoje) e foi berço para desenvolvimento de diferentes culturas.

Isolada geograficamente por longo tempo, diferentes dinastias sucederam-se no controle das sociedades chinesas. Semelhante a feudos, grupos familiares governavam suas cidades muradas com relativa soberania à possíveis estrangeiros que viessem pela rota da seda (maior ligação comercial do ocidente com o oriente chinês via terra). Sendo periodicamente as últimas grandes dinastias a Song (960 - 1279), Ming (1368-1644), Qing(1644-1911).

Dos diferentes hábitos culturais chineses, podem ser destacados a arte de governar, o humanismo da filosofia de Confúcio; as estratégias de guerra do livro A arte da guerra, Sun Tzu; o ataque indireto e a vitória relativa aprendidas também no jogo de tabuleiro wei qi ou go. Estas práticas são espinhas dorsais que muito orientaram a ação chinesa e ainda exercem forte influência.

 Uma coisa a mais que vale ressaltar é a percepção que sempre teve de si, como Império do centro (ou do meio); sempre superior às demais nações ao seu entorno. As quais para qualquer relacionamento comercial era necessário tecer reverência total ao imperador que, em pessoa, ligava o céu à terra. Considerava-se portanto a civilização maior em riqueza, honra, etc., que quaisquer outras. Com isso, não manteve esforços para industrialização no séculos XVIII e XIX.

Destacam-se ainda na história, de um modo geral, como os inventores de grandes tecnologias (pólvora, navios, bússola, pipa) sem contudo usá-las de modo expansivo ou agressivo. Apenas sabiam como fazer e tinha outros usos.

...Mudou !

Até que... nações detentoras de tecnologias navais na segunda metade do século XIX ingressaram à força em seu território. O império britânico, principalmente, no período imperialista (se é que terminou) fez várias missões à China. Até impôr seu livre mercado (palavra sem ressonância no alfabeto chinês), e igualdade nas relações comerciais por meio de melhor tecnologia militar e melhores produtos danosos ao consumidor (ópio). Assim ainda escolheu o local no litoral que parecia existir melhor porto natural para fincar permanentemente suas tropas - Hong Kong.

Isso ficou sacramentado no Tratado de Nanquim, modificando as relações internas e provocando rebeliões domésticas na China. Reacionários a isso, ocorreu a insurgência de lutadores de artes marciais chinesas somadas as forças do império Qing contra tudo o que fosse estrangeiro, o que ficou conhecida como a Revolta dos Boxers (1898). Terminando, por fim, sem sucesso por união das forças estrangeiras. 

E no século XX: o que foi a China?

Em desequilíbrio, a China entra num período de estados combatentes.  Emergem conflitos com supremacia de uma República chinesa com o líder nacionalista Yat-sen em 1912. Em parte isso há dois movimentos partidários: o Partido Nacionalista(1920) com Chiang Kai-Shek possuindo um controle teórico sobre o país; e o Partido Comunista Chinês (1921) que exercia um governo paralelo.

Jogando wei qi no campo, o PCCh liderado pelo grande Timoneiro, Mao Tsé-Tung(ou Mao Zedong) faz uma  "Grande Marcha" por anos até Pequim (centro político) onde assumem o controle do país em 1949. Conhecida como Revolução Chinesa, a iniciativa de Mao cria a República Popular Chinesa unindo o antigo e o novo sob uma nova dinastia e nova ideologia.

Observa-se que os nacionalistas foram convidados a se retirarem, indo parar na então Ilha de Formosa (SE da China, conhecida como Taiwan). Criaram a República da China e pouparam forças até um dia regressarem ao continente. Até hoje estão poupando... Sendo uma região de constante tensão.

Mao, por outro lado, uniu ideologia marxista, tradição e nacionalismo chinês para criar uma identidade vestifaliana à China. Esteve inclinado com a Rússia, mas estrategicamente manteve a soberania (jamais esqueceu dos imperativos do Kremilin sobre Manchúria). Foi contra o imperialismo e o feudalismo e promoveu certa igualdade a recursos básicos. E dois movimentos são marcantes de sua atuação:
1 - O "Grande Salto Adiante" (1958) que promoveu uma industrialização acelerada. Retirando riquezas do meio rural para indústrias, levou um rápido desenvolvimento industrial ao país e, por outro lado, cerca de 20 milhões de mortes.

2 - A "Revolução Cultural"(1966) na qual o livro vermelho de Mao era a bíblia dos chineses. Foi o momento de formar novos líderes do partido, aprender com o campo e perseguir opositores.

Com a morte se Mao em 1976, o partido único chinês elege Deng Xiaoping (1978) para o comando da nação. Líder pragmático, "pobreza não era socialismo" para ele nem compatível com a restrinção de pensamentos, assim faz um socialismo à moda chinesa com resume o lema dele: "um país e dois sistemas". Sistematiza uma abertura econômica modernizando a indústria, agricultura, defesa e tecnologia e abre zonas de investimentos estrangeiros (ZEEs). Cria uma, inverossímil para muitos, "economia socialista de mercado". Um verdadeiro oásis capitalista com altos rendimentos provinientes de mdo disciplinada e acesso a um alto de mercado interno. Altas taxas de crescimento econômico, desenvolvimento urbano e busca por cooperação mundial são facilmente identificáveis nos anos posteriores com Jiang.

Então neste novo milênio vai reecontrando seu DNA com Hu Jintão. Procura prosperidade como puder e faz uma reabilitação ao pensamento de Confúcio. Sob o lema de um desenvolvimento pacífico e um mundo em harmonia estende sua geopoítica no mundo fazendo parcerias com países, muitas das nações descartadas do comércio global.  Vira a fábrica do mundo ao fazer políticas de desvalorização cambial do yuan para exportar cada vez mais. E mostrou-se o dragão asiático na olimpíada de Pequim 2008.

(Fonte imagem: Ipea, 2009)

Neste ritmo de crescimento econômico, há a previsão de assumir o posto de primeira economia do mundo em 2025, superando os EUA. Mas será uma ascensão inexorável da China ? Ou será que a história se repete como foi a Alemanha e Inglaterra ?

Poderia haver um diálogo, cooperação, uma coevolução entre EUA e Ch ? Uma Comunidade Pacífica (assim como teve a Comunidade Atlântica) em que todos participem ?  Fica a dica, uma comunidade pacífica, que não seja só do oceano pacífico, mas do sadio diálogo cooperativo é o caminho menos burro que alguma guerra nuclear.

Atualidades:

Como atualidades vale destacar a criação da Nova Rota da Seda pelo governo chinês. Um projeto de interligação estrutural, sobretudo ferroviária, do centro, leste europeu ao SE, Leste asiático e deste também ao norte africano. Reduzindo em semanas o transporte de pessoas e produtos. Além de criar conexões, integrações multilaterais, aos países envolvidos vai ofertar mercado como também às megaempresas de infraestrutura do império do meio. A intenção é terminar em 2049, ano do centenário revolução chinesa.

(Fonte: Geopolimaps)

A questões que pesam nisso tudo são relativas a democracia, impactos ambientais,  produtos desconfiáveis. Sobre a democracia lembra-se o massacre de Tiananmen (ou praça da paz celestial), quando houve supressão aos direitos humanos, aproximadamente 300 mortos que lutavam por liberdade. Poderá haver democracia na China algum dia?  As recentes revoltadas dos guarda-chuvas de Hong Kong (Região Administrativa Especial desde 1997) em 2019 contra uma ingerência política de Pequim, ainda podem se espalhar e melhorar ainda mais a já potência chinesa.

(Fonte para citação de qualquer trecho: CYPRIANO, K.M.P., 2020.)